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sábado, 20 de julho de 2013

Eu sei!



Não sei
mas sem ti
Não quero saber
Sem ti
o mundo deixa de ser
acabei por não saber
o porquê
Não sei
mas sem ti
tudo se perde
sem ti
nada existe

Eu sei! Contigo
tudo faz sentindo
contigo
o mundo existe
nesta chuva de estrelas
que mandaste nesta carta
contigo
este jardim de luares
faz milagres
Oh Pai!
Oh Filho
Oh Espírito Santo
Afinal amar é assim!

Lueji Dharma

Ressuscitado - Um Homem como Tu Merecia Levar no...


No delírio do amor uma bola de fogo percorreu as veias até fazer explodir o coração num ataque cardíaco. Mas em vez de dor sentia-se num prazer imenso. E estava amar aquele novo sentimento, aquela emoção. Será que era o tal sentimento que por imensas vezes as pessoas em redor tentavam explicar-lhe. Passaram-se 50 anos sem que alguma vez sentisse aquela bola de fogo percorrer-lhe o corpo.

Os olhos abertos viam a imagem da médica, mas ele há muito que se perdera num novo universo. Ela batia com toda a força no peito de um homem inebriado de amor, e a reacção teimava em voltar ao corpo moribundo.

Ele teimava em manter-se perigosamente perto da morte. Insistia em suster a respiração para que não perdesse pitada deste novo sentimento, o amor. Oh Deus! Como estava perdido naqueles 50 anos buscando sexo quando podia ter tido amor. Se aquilo causava a morte dos seus sinais vitais valia bem a pena. Trocava os 50 anos por 1 dia daquele sentimento.

E do nada acordou num vómito sôfrego para suspiro de alívio da equipa que agora batia palmas ao regresso daquela alma àquele corpo.

-Respire calmamente! Já vai estabilizar... calma - gritava a médica para um homem ressuscitado.
-Encontrei o amor - gritou
-Ahahahaha - você teve uma paragem cardíaca. Foi um sonho!
-Não! Não é um sonho! Agora é que finalmente acordei. Até agora vivi um pesadelo. Mas finalmente encontrei o amor...
-Como queira! Mas tem de se manter calmo agora. Ainda está em perigo...
-Sei! Mas encontrar o Amor tira qualquer um do seu estado de normalidade. Eu finalmente estou vivo. Finalmente sei o que é o amor. Posso agora entender a Eternidade!
-Parabéns - disse a médica desfalecendo do esforço dispendido no ressuscita aquele paciente. Várias descargas eléctricas tinham sido necessárias e o esforço agora pesava-lhe o corpo. Estabilizado o paciente apenas queria descansar.

Lueji Dharma

E depois? Carta a minha avó by Lueji Dharma

A vida corre no ritmo dela. E nada acontece como a minha avó me ensinou. Morre-se muito mais. Bebe-se mais. Fornica-se mais. E a minha avó nada me disse sobre estes assuntos. E depois?

E depois avó é que eu não sei como reagir. Ensinaste-me a rezar às noites enquanto aquecia os meus pés nos teus. Mas não me ensinaste a contornar esta erva que cheira neste bar. Não me ensinaste a vêr meninos na rua a cheirar gasolina e a dançar ao som da alucinação. E depois?

E depois avó é que eu oro ao anjo da guarda como me ensinaste e ele protege-me mas não protege esses outros perdidos nas avenidas largas do alcool, sexo, droga, prostituição e corrupção. Esqueceste avó de me ensinar a rezar para os anjos da guarda dos outros. E depois?

E depois avó é que eu só quero me divertir também mas não consigo festejar sobre os corpos que se amontoam nesta rua de perdidos. Porque não me ensinaste a indiferença avó? E depois?

E depois avó eu acabo não sabendo viver neste mundo que pintaste como sendo perfeito para aqueles que estudam, se comportam e confiam em Deus. Avó aqui na tua campa venho dizer-te que o mundo é cruel e que o mundo é dos espertos. Avó os que vivem na humildade acabam pisoteados e humilhados. E depois?

Avó não sei se o teu mundo era diferente do meu, mas neste avó, o vermelho do verniz e do batom é mais importante que um rosto lavado e uma educação de donzela. Avó aqui sobe-se na horizontal e não na verticalidade do carácter. E depois?

E depois é dificil ser deste mundo depois de ter tido uma avó como tu. Ainda me lembro do quadro do anjo da guarda protegendo a menina naquele bosque frio e repleto de perigos. Aquele quadro que tu me ofereceste continua aqui pendurado neste meu quarto sem paredes. Aquele anjo continua com as suas asas sobre esta menina. Ele tem sido fiel avó. Mas avó a verdade é que eu estou neste mundo e tu já partiste. Eu fico por cá relembrando a tua trança, os teus bolos, os teus remédios caseiros e os teus ensinamentos. Mas pouco resta desse teu mundo neste meu universo de Luanda. E depois?

E depois avó eu não cozinho. Acreditas? Tu que me ensinaste tudo e a tua neta não sabe cozinhar ou não quer saber. Avó e nem sei bordar como tu. Nem tenho interesse em costura. Mas queria dizer-te que a minha cozinha virou bliblioteca. Eu cozinho livros avó e textos sem jeito. Avó havias de achar-me estranha. E sabes avó... ainda não casei e tenho uma filha. Oh crime! Sei que deves achar um ultraje uma mãe solteira. Mas avó não suportaria ter um marido como o teu. Que nunca estava lá para ti e só se preocupava em vir para casa comer para regressar à roda dos amigos no bar da Eira. Lembro-me avó de como esperavas horas pelo seu regresso, sem reclamar e sempre amável. E depois?


E depois avó a tua neta reclama, exige um tratamento igual. Exige amor e por vezes esquece-se de dar. É verdade avó, haverias de me achar uma dessas mulheres modernas que não deixavas entrar em tua casa. Lembro-me de quando mandaste a tua futura nora ir lavar a cara à "levada" para retirar a maquilhagem. Associavas a pintura à putaria. Pois olha avó, eu tenho toda uma colecção de maquilhagem. Não uso muito, mas gosto do efeito e da beleza artificial. Será que não me deixarias entrar em tua casa mesmo sendo tua neta? Sei que me mandarias lavar a cara... mas avó os tempos são outros. E mulheres como tu hoje são raras. E mulheres como eu também. Mas somos raras e ao mesmo tempo diferentes uma da outra. Mas eu vim de ti... e não me esqueço. E depois?

E depois eu não quero saber. Só sei que o teu quadro do anjo da guarda portegendo uma menina, a tua menina, continua firmemente pregado à minha alma. Carrego-o sob a luz do meu olhar e da minha mente. Avó quis apenas falar contigo porque senti uma saudade de viver contigo o teu tempo. Mas aqui na tua campa vejo que o teu tempo morreu. Restou apenas o anjo da guarda que me acompanha e que muito te agradeço. Aqui de joelhos as lágrimas encerram o teu tempo numa memória que desaparece todos os dias. Avó já não sou uma menina. Sou uma mais velha, mãe e profissional. E mesmo assim tenho saudades dos teus bolos e biscoitos. Ai avó, o chá de erva princípe (caxinde) com os teus bolos. Que saudade avó. E o teu doce de gila ou de "buganga"? E depois?

Avó tenho saudades e daqui deste mundo onde tanto faz com quem se dorme, o que se bebe, fuma e faz, mando-te um abraço maior que o amor do king kong... eu te amo avó! E nunca me esqueci de rezar ao anjo da guarda...

História de Amor na Visão de Albano Pedro

"A historia de amor à procura de um final feliz". esta muito próxima de se lhe adivinhar o autor embora nunca tenha privado consigo e nem me tenha contactado pessoalmente. Não é apenas pelo ego-roteiro (ou seja por narrar na primeira pessoa) mas porque percebe-se um processo introspectivo com detalhes que não nascem da pura criatividade. O sentimento e o detalhe na sua exposição. A ansiedade do personagem os preparos para o acto matrimonial, enfim. Parecem sonhos correndo num misto de novela e autobiografia. Oxala que esteja enganado ou não esteja mesmo. De todo modo, parabenizo-a. Só um detalhe para as duas obras. Pareces interessada em desmamar o leitor depois de um embalo agradável. Porque poucas páginas, quando a estória parece continuar na nossa imaginação mesmo antes de se lhe adivinhar o fim que lhes impões. Porquê parar a narrativa reduzindo-a nas poucas páginas? economia literária ou provocação estilística? Pois a dada altura nos retira a capacidade de perceber se estamos perante uma narrativa de caracter crónica, novelistica ou romancesca (pela brevidade das estórias). É só uma preocupação de quem se viu frustrado pelo fim "prematuro" das mesmas.
Agora, acho que o seu estilo poético-novelístico da História de amor à Procura de um final Feliz e o estilo ensaístico-romancesco da Aldeia de Deus merecem mais do que esta simples apreciação. Uma boa e correcta crítica literária leva-las-ia a inauguararem uma nova era na escrita literária nacional ao lado de outras iniciativas do género pouco conhecidas da maioria do público. Só não sei porque não os publicas mesmo em livros? Gostaria de saber. De resto voltarei a lê-los. Vislumbrante! Parabéns!

Aldeia de Deus na visão de Albano Pedro

Muito lhe agradeço o gesto de simpatia ao enviar-me os seus livros. Desculpe por não fazê-lo antes pois tive dificuldades em contactar consigo por esta mesma via. As vezes carregamos a mensagem mas ela acaba não sendo enviada. Dizer que gostei das obras é o mesmo que não ler e querer ser simpático. Não gostei, apreciei. O primeiro impacto que tive foi a aura muito densa de esoterismo que se esnventra pela sua obra. É elevadíssima e concorre com poucas que conheço no nosso mercado. Uma semelhança podia aproximá-la a estilistica de Mia couto, porém este é místico... tal como de alguma forma combinas no seu estilo. A Aldeia de Deus (um roteiro post mortem) em que se sente a recorrencia entre a existência real e a inexistência humana de um personagem num tempo poética e filosófica. É também um desmistificar dos códigos ético-estéticos dos povos Lundas que me parece ser a sua inclinação, a dar pelo cognome que adoptas (não sei, são apenas ilações).

Fim de um sonho - Lueji Dharma

Naquelas promessas me perdi. Ingénua! Na tua fala certeira me mantive prisioneira. Oh vergonha!
Nas tuas certezas apaguei minhas dúvidas. Loucura minha. Em ti confiei. Criminosa me confesso.


Já tinha apagado do coração as setas que o Cupido mandara. Mas quando a última ferida desaparecera e o mundo parecia certo na minha solidão, novamente a banha da cobre encontrei e nela deslizei. Oh dor esta queda de costas sobre um chão de pedra. Oh solidão preterida não te sintas ofendida. A ti volto arrependida, certa de que vida a dois não é para qualquer pessoa. Oh doce solidão! Não mais quero abandonar a tua mão.


Cupido a ti entrego meu coração. Espeta aí todas as setas que já não me causa aflição. Perdi o coração, no pedido de um saldo. Aquele saldo que me fez saber que tuas promessas escondiam um manto de interesses inconfessos. Não era a mim que querias mas apenas o Saldo. E aqui quebrei o coração. Um saldo a troco do coração. Mas que desilusão.


Remeto-me agora à dor do silêncio na busca de um consolo inexistente. Não há saldo que apague a dor de amar sem ser correspondido. Pior só a dor de um casamento por interesse. E esse acabou nesta meta intemporal...onde o sonho encontrou o final.


Lueji Dharma em lamento

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A morte de uma ratazana



A luz ainda bate neste meu rosto ferido. As mãos ardem com o bater do coração. A sorte há muito que me foge. Maldito sejas tu que me persegues... fiquei plantada na porta deste teu covil de ratos onde com outras ratazanas preparas ataques aos inocentes. Fiquei plantada à porta, buscando entrar no teu covil. E esperei até que a noite caíu. E a chuva desceu num manto de gelo. E esperei. A madrugada trouxe o abrir de uma porta e o breu de uma frecha. Afinal, a noite até é iluminada quando comparada ao teu covil. O vosso covil de onde Maquiavel fugiu por ser bondoso. E sem medo entrei no teu covil. O breu cegou-me. As virtudes despiram o meu corpo. A alma esvaíu-se em lágrimas. Apenas a carne seca de um morto continuou percorrendo este covil, porta do inferno. Ouvi tuas gargalhadas... enquanto por detrás de uma tecnologia subversiva perscrutras a vida de muitos. Ris e planeias ataques porque julgas-te Deus.
Crias perfis falsos e vives de criar ilusões e desilusões; instalas softwares de medo, raiva e ódio no coração imaculado de muitos. A bondade escorraças das almas puras porque serves a esse diabo impune que chamas de Chefe. Pois, observa o que o teu trabalho criou em mim. Este corpo imune de emoção ou sentimentos. Esta carne desprovida de sangue. Este corpo seco e sem vísceras que sobrevive em busca de uma vingança: TU. A última sobremesa do teu trabalho e desta tua criação: EU. E o teu gargalhar me faz ver que em breve a presa estará frente ao caçador. E desta vez serás tu o caçado. E segui apenas o rasto do ódio. Um rasto que snifei como se fosse água num deserto. Um rasto que lambi como se fosse açucar num jardim infantil.

E agora eis-me aqui morta mas não matada. Olha para esta obra que criaste. Esta ausência de vida que me ofereceste.

- Eis-me aqui a presa que perseguiste.

O teu olhar caíu morto no ar. A supresa deixou-te atónito...

- Como raio entraste aqui?
- Como raio não havia de entrar? Como evitar conhecer o meu caçador?
O teu faro pressentiu o meu móbil. O teu olhar denunciou o meu plano. Vi esvair-te de ti.
- Afinal não és Deus! - gritei ao teu ouvido... nem com toda esta tecnologia do teu covil.

E antes que respondesses cortei o teu pescoço e deixei que o fel do teu sangue inundasse o covil...

Afinal não eras mesmo Deus! E eu nunca fui presa fácil!


Lueji Dharma