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domingo, 26 de dezembro de 2010

Aldeia de Deus / Tchehunda tcha Nzambi

“Aldeia de Deus”! que na minha língua se chama: “Tchehunda Tcha Nzambi”! A Aldeia de Deus, que desde criança ouvia os mais velhos falarem, é onde vivo desde que morri! Pois é! Morri há muitos anos. Revelar quem fui, não importa! As minhas memórias confundem-se com a época e as tradições do Império Lunda-Tchokwe. Agora, livre neste mundo angelical, revejo-me na crença do espírito que vive para além da morte. Etérea e eterna, conquistei a Tchehunda tcha Nzambi, onde só acedem os mbungue ipema , pessoas de bom coração. Depois de atravessarmos o umbral do lugar divino, renascemos anjos ou deuses. Enfim, estamos na sexta dimensão, apenas acessível aos homens com sexto sentido; neste mundo povoado de anjos, a vigília, ponte entre gerações e mundos, é um “modus vivendi”. Figuras de luz de um ngombo ancestral advinham a linha da vida na noite celestial. Como velas perdidas numa floresta de enganos são sinais que revelam o caminho aos homens.

Uma aldeia remota no firmamento de uma montanha entre Angola e o Congo, onde a neblina serve de portal a quem se acerca. A rotação anti-horária dos ventos desvela o centro da aldeia, límpido e tranquilo. As plantas populadas de folhas e flores brilham intensamente. Os aromas da terra confundem-se com a fragrância das flores. Moro no monte das madressilvas e das glicínias. Pode-se dizer que, no meu jardim, as borboletas e as fadas abundam! Um paraíso na Terra!

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