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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A (RE) CONSTRUÇÃO DA ANGOLANIDADE EM UANHENGA XITU

Num destes dias, em Luanda, fui ao lançamento do novo livro de UANHENGA XITU pseudónimo de Mendes de Carvalho. Uma cerimónia que decorreu na União de Escritores Angolanos e que contou com plateia cheia de escritores de renome como Pepetela, John Bella, Luandino Vieira...

Os livros vendiam-se enquanto Luandino Vieira apresentava o livro deste "mais-velho" com a sabedoria de soba: uma verdadeira enciclopédia viva de Angola e da Angolanidade.

Entre os livros que se vendiam, acabei por comprar A (RE) CONSTRUÇÃO DA ANGOLANIDADE EM UANHENGA XITU de Ana Lopes de Sá. Este livro aborda a obra de Uahenga Xitu nas vertentes de "escritor e contador original, mas ainda como cidadão, intelectual e activista político do antes e depois da independência de Angola".

Da leitura deste pequeno livro percebe-se que UANHENGA XITU reflecte o conflito e a "maka" entre o tradicional (de Angola) com o suposto moderno que vem de fora. Seja em termos de religião, cultura ou política...na sequência da "encruzilhada de civilizações" referida por Agostinho Neto.

Em "Cultos Especiais", Mendes de Carvalho como espectador de dois mundos, foca-se na temática da aculturação e da perca de identidade provocada pelo Cristianismo e por outras forças religiosas estrangeiras em Angola. Claro, que nestes fenómenos de aculturação não se pode falar apenas em percas também há ganhos...há outras formas que são apreendidas...

Assim o autor foca-se em aspectos e tradições da sociedade tradicional que conflituam com as novas correntes e padrões religiosos, como sejam, a poligamia, os amuletos, as kimbandas, os óbitos, etc...um universo enraizado que se vê ostracizado e estigmatizado.

Sem solução para a (des)união Uahenga questiona-se "Oh passado, como te posso invocar e viver-te no vivo?!"

E neste dilema ora encontra solução no tradicional ora no moderno! Mas num breve reparo de um "mais-velho" que já não tem idade para ter medo (uoma) e que tem a obrigação de contar aos outros .

Estação das Chuvas - José Eduardo Agualusa

Comecei a ler o livro, sem qualquer interesse. O título não me chamou a atenção...pensei. Mas a vontade de ler Agualusa era grande; Deparei-me logo nas primeiras páginas com três verdades incontornáveis deste país:
- uma data: 11 de Novembro de 1975.
- um nome: Agostinho Neto
-uma cidade: Luanda...estavam lançados os dados para o meu interesse;

" Em nome do povo angolano, o Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, proclama solenemente perante África e o mundo a independência de Angola...que vivam para sempre os heróis de Angola..."
Agostinho Neto

E numa noite devorei o livro...um livro que conta a história de Lídia, uma mulher que nasceu de um romance infeliz...com duas mortes à mistura. Uma Lídia que perdeu a mãe à nascença e que por sorte vive; vive para se entregar a uma Angola e a causas revolucionárias...como ela! Uma Lídia que entre relatos quase jornalísticos e bastante precisos narra a história contemporânea de Angola. Daí ser óbvio que Torcato Sepúlveda in Público (Lisboa) se refira a esta obra de Agualusa "a mais notável obra sobre a História Contemporânea de Angola"; sem esquecer no entanto de que Lídia não existe, é apenas uma personagem do livro.
Uma das afirmações mais intrigantes e ao mesmo tempo, para quem conhece a história de Angola, mais fascinantes é:
"Eu creio firmemente que é pela poesia que tudo vai começar"
António Jacinto, em carta a Mário Pinto de Andrade, escrita em Luanda, em 1 de Fevereiro de 1952.

E não é que António Jacinto em 1952 profetizou uma independência que se iria concretizar 25 anos depois! Angola teve no seu movimento em prol da independência: Viriato Cruz e Agostinho Neto ( entre outros)...em lados opostos...mas ambos poetas.

"Nalguma dessa poesia, de autores vários...que o poder temia" porque "havia uma alma angolana. E contra essa não tinha defesa. Para quem a temia era a derrota decretada em verso"

Ruy Duarte de Carvalho , "Estamos Juntos no País que Temos"


E assim, abrindo parêntesis extensos na história de Lídia o autor conta a história política de Angola...cruzando com Lídia uma personagem fictícia personagens reais: Viriato da Cruz, o Monstro Imortal, Mário Pinto de Andrade, Valódia...

Lídia vive intensamente a vida dos homens do MPLA; "Eu conheço-os bem. Fui para a cama com todos." Conhece-os, acompanha-os e apoia-os no seu percurso...tenta em vão apaziguar a rivalidade entre Viriato da Cruz e Agostinho Neto. mas é tarde! Viriato não tem opção que não o exílio; fica no ar a ideia de que é afastado por na altura se procurar um negro para o poder (não um filho do colono)...quem sabe?

E de Viriato se passa para uma Luanda de 1988 onde Savimbi e a sua política racial ganham direito a aparecer na história...

Sem querer desvendar mais do livro, reforço a ideia que é um livro indispensável para quem quer saber mais sobre Angola e os seus homens de vulto.
Em nota de rodapé: Agualusa afirma que Lídia não existe...para mim não há dúvidas de que ela existe...

Chicoronho de Jorge de Calumbeque

Mais um autor angolano a escrever sobre Angola e mais concretamente sobre a cultura e os valores tradicionais angolanos, com especial atenção para o Lubango. Mais uma prova do esforço da diáspora na promoção da cultura angolana...parafraseando um jornalista angolano da nossa praça (essa diáspora tem de ser aproveitada)
Neste caso temos a vantagem do autor misturar com o português uma lingua tradicional angolana - Língua Nhaneca; Há também a preocupação em retratar a Ex-Sá da Bandeira, o povo Muila e a relação com os portugueses ao longo dos tempos. Um romance que se desenvolve num ambiente exotérico e místico e que possui todos os ingredientes para ser um bom livro...
Aguarda-se o lançamento em Angola, embora ele já esteja disponível em Portugal na Fnac.

O autor do livro possui um currículo invejável e é responsável pelo Facide, um fórum que tem por objectivo a promoção da excelência e do profissionalismo ao serviço do conhecimento e da luta contra a pobreza em Angola.

http://padoca.org/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=173&Itemid=26

Sucesso! Eu por cá aguardo hipótese de comprar o livro...cheia de vontade de o ler (até porque vai de encontro ao meu livro Tchehunda tcha Nzambi que se passa no território Lunda-Tchokwe).

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uma ONG - a ser criada

Por falar em listas, no outro dia enviaram-me uma lista de pessoas que querem colaborar na ONG que uma outra lista de pessoas anda a tentar criar. No meio de duas listas deu para perceber que somos muitos e cada um mais ocupado do que o outro....mas a vontade é grande! A ideia: ajudar a reduzir a dor dos meninos de rua (os tais meninos feiticeiros)...de há uns textos atrás....
Não é fácil (só a lista de estatutos que temos de reescrever....) e mais e mais e mais...mas vai valer a pena!
Claro que toda esta labuta seria impensável sem o apoio do António Bento e do Dino George!

Bigados!

Texto não baseado em factos verídicos...mera ilusão

Texto não baseado em factos verídicos e nem em nada do que se pareça...ok???? por favor deixem-me escrever com liberdade...


Num destes dias o meu telefone tocou e com uma voz seca e dura disseram-me numa bela manhã, bem alto e num bom som:
- Estás na lista negra!
-Eu? Na Lista negra?
Pára tudo!
-EU? Lista Negra?!
Xpera! Calma lá! Vamos analisar por partes:
Lista (conjunto de nomes)
Negra (bem....esta palavra...é mais difícil...negra....)
Risos...será por eu ser negra? Não creio! Não posso crer!
Não...negro (mau): por ser má? Não creio! (outros encabeçariam essa lista relegando-me para um lugar tão irrisório que nem poderia ser quantificado)
Ah...xpera...já sei! Tá claro! Escrevo o que penso! UI!!!!! Que crime hediondo! Escrevo o que penso...pois é! Sim! Confirmo...logo tou na lista negra...Que fazer? Uma ideia!!!!!! Bling! Bling! faz-se luz: posso escrever aquilo que outros pensam (mas tal não seria plágio?senhor detentor da lista negra)!
Oh! faz-se noite outra vez e ainda por cima a noite é negra (o raio da lista negra...tenho de sair dela)
Ah...esta é infalível: posso escrever aquilo que não penso. Sento-me e penso: depois nego...nego-me a mim mesma em prol da minha saída da lista.
Oh! Caramba não vai dar (já me obrigaram a fazer isso a vida toda)! Mas poderá ser um belo título para um livro: "Aquilo que não penso...Uma negação do ser para não estar na lista negra"
Mas tem de haver uma solução...caramba! Afinal, eu quero muito sair da lista negra! Já sei!
Vou dizer ao senhor da lista...quanto quer para me tirar da lista negra (provavelmente não vai aceitar um livro meu (lol)) Mas talvez aceite o meu silêncio...é isso, penso mas não escrevo! Penso mas não escrevo! É uma solução! O silêncio é a defesa dos sábios! Quase sinto o corpo a desfalecer...não escrever é a solução! Mas...esquece! Vais deixar de escrever...não queres sair da lista negra? Quero! Então...vá sem medos!
Nisto o telefone toca novamente: do outro lado uma voz ecoa...
- É a Lueji?!
-Sou sim! Melhor! Tou a deixar de ser...essa era a escritora (mas tou na lista negra - murmuro; e quero sair dela!)
-que raio de lista é essa?
-A tal que ninguém sabe! Mas onde o meu nome consta...
-Nunca ouvi falar...vou indagar?
-Mas espera! com quem falo?
E nisto desliga-se o telefone....foi indagar (agora talvez descubra que tou na lista vermelha ou na amarela...) se calhar para além de deixar de escrever, talvez tenha de deixar de ler, e talvez quem sabe até de cantar no chuveiro...oh...
-Não vou atender mais o telefone...oh seca...esta gente não tem nada que fazer a não ser inventar listas coloridas?! Oh raiva...
Trimmmmmmmmmm....novamente!
-Sim...
-Lueji?
-Talvez! Depende...
-Li o seu livro!
-O que você foi fazer? esqueça!
-Gostei! Ajudou-me a perceber que amar é um desafio que nem sempre se ganha!
-Sério? E isso em que lista me coloca?
-Na lista dos que escrevem o que sentem...
-Ah...boa! É isso...tirou-me um peso de cima....
-Porquê?
-Porque ainda não nos põem em listas negras pelo que sentimos...né? Deve ter havido um lapso...
-Claro que sim...acho que ainda temos direito a sentir...
-ya...só pode ser...um grande lapso!
Portanto...eu reafirmo o que sinto:
-há compaixão
-há discriminação
-há racismo
-há muita bondade
-há falta de vontade
-há inimizidade
-ha traição
-há pessoas de coração
-há felicidade
-há cumplicadade
-há amor....que é no que eu acredito!

Angola - mudanças no aeroporto

Todos os dias oiço tanta crítica em relação a Angola e aos Angolanos que há que fazer uma pequena constatação de algo positivo. O aeroporto de Luanda está diferente! E não é para pior! É para melhor! Claro que poderia estar melhor...mas, a verdade é que melhorou. São as obras que pretendem levantar um novo edifício que deverá estar pronto no início de 2010 (início do CAN). Já existem mais carrinhos de bagagem para os passageiros e ar-condicionado nas salas. Parece pouco, mas só quem já passou pela azáfama de esperar horas numa sala apinhada e hiper-quente é que sabe a diferença significativa do ar-condicionado. Por outro lado, a organização de todo o processo de desembarque de passageiros e malas está mais celere o que é de louvar. Depois de horas no avião, não apetece nada a tortura de horas à espera das bagagens e da revista da Alfândega.

Se continuarmos assim...pelo menos é para melhorrrrrrrrrrr!!!!!
" A vitória é certa!"

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

José Saramago - a polémica continua!

José Saramago: um escritor criativo e determinado. Um percurso complicado mas fiel ao amor (a Pilar e à escrita). Descrente em Deus? na Religião? ou simplesmente na Igreja dos Homens? Quem sabe? A certeza: Um escritor admirável!

Polémicas à parte, só sei que o julgamento de pessoas deixo para a justiça (divina), mas em relação ao Saramago tenho a dizer que me desperta entusiasmo e sede de viver. Admiro a sua busca eterna pelo maior, pela criatividade livre e sem dogmas...sou fã dos seus porquês? Admiro o facto de no final da sua carreira se lançar em polémicas que para ele já não lhe trarão grande benefício (era tão mais fácil andar de festa em festa a ser bajulado pela elite e por um povo sedento de gente amorfa). Assim percebe-se que o faz por crença, por sentir ser o certo (independentemente de quem poderá chocar) ou por estar à procura de respostas metafísicas. E se choca! Choca tão boa gente que até é impressionante! Se ele lança um livro não quer dizer que obrigue alguém a ler! Só lê quem quer! Eu comprei o livro....confesso que ainda não terminei! Como sempre acho fabulosa a criatividade das suas obras: em especial a sua necessidade de recontar uma história Bíblica ( a de Caim e Abel). É a interpretação de um homem que concerteza leu e releu a Bíblia, mais do que muitos que a defendem! Ele leu e releu! E na minha humilde opinião, falhou o principal, o Encontro com Deus. Dessa forma entendo a sua revolta, o seu grito num homem que se vê vazio apesar de todo o seu percurso, porque, acredito piamente que um Homem sem Deus não é ninguém. No entanto embora se recuse a ceder à presença de Deus ele sente a necessidade de O procurar: na Bíblia. A Bíblia pode ser realmente "um manual de maus costumes" ou "um livro de Disparates" quando lido sem fé ou sob a luz do comunismo. A Bíblia é apenas um manual para Deus mas quando guiados pelo coração e pela fé. E é assim que despojado de qualquer fé neste manual Saramago se vê abandonado a ser apenas mais um homem na terra; a morte de Deus, também defendida por Nieztche, é a expressão de um mundo ocidental que confia no homem apenas e que todos os dias se auto-aniquila..porque apenas a fé nos faz crer na vida eterna e suportar a dor e o sofrimento. E que triste é perceber após toda uma vida de lutas e conquistas que vamos morrer sem qualquer romantismo ou diferença de um simples animal. Ponto!

No entanto, neste ponto, penso que será apenas um Saramago orgulhoso que não cede publicamente à presença Divina pois até é ateu.

E neste campo difere de Lobo Antunes que humildemente reconhece que a sua obra é divina...que há dias que até tem zangas e teimas com Deus, mas que Dele provém a sua faculdade da escrita e a sua inspiração.

Mas independentemente da sua suposta não crença em Deus, Saramago conquistou com mérito, trabalho árduo e força o Prémio Nobel da literatura para Portugal. Como tal é digno de todo o respeito!

Pena que Ele não reconheça que aquela inspiração que lhe preenche a Alma, e o faz debitar obras provém de Deus!

Por último, como admiradora da sua obra, da sua coragem e liberdade, um desejo: que Saramago tenha a felicidade de aceitar Deus e que tenha o privilégio de encontrar a razão de Ser; Nunca é tarde para Deus!

Lueji Dharma

"Os secretários do bruxo sem saber o que deveriam fazer, provocaram a pergunta:- A senhora não quer saber quem lhe enviou estas coisas? A mulher na simplicidade da sua fé, respondeu: Não, meu filho: Não é preciso. Quando DEUS manda, até o diabo obedece !
QUE A ORDEM DE DEUS ESTEJA SOBRE A SUA VIDA"

Angola pode ter imensos problemas e anomalias, mas é concerteza a Terra onde Deus está sempre presente: na música, nos lemas dos kandongueiros, nas paredes das casas, nos carros, nas igrejas em cada esquina...a fé em Deus faz-se sentir com toda a intensidade...É Nzambi o Deus Uno e Todo Poderoso. Há quem diga que a pobreza tem destas coisas...apenas fé em Deus! Já que tudo o resto falha, apenas nos resta estender as mãos aos céus e rezar! Tudo o resto são cantigas que se entoam para esquecer esse outro resto que nos rouba o sono. Mas os milagres acontecem! Também esta terra é rica em milagres de toda a Natureza. É só ver e crer! Por isso quando recebi um e-mail a contar a história de uma pobre senhora que não tinha o que comer e que rogava a Deus por comida; vendo este acto desesperado um bruxo decide enviar a comida fazendo-se passar pelo Diabo! Mas a senhora, imbuída de sabedoria divina responde: "Quando DEUS manda, até o diabo obedece !" Pois é, nem Salomão teria uma resposta tão sábia!!!! Por isso às provocações e ataques eu respondo com a outra parte do e-mail:

"QUE A ORDEM DE DEUS ESTEJA SOBRE A SUA VIDA"

Agradecimentos aos meios de comunicação

Tenho de agradecer o apoio que me foi dado pela Televisão Publica de Angola nos programas Janela Aberta (dia do aniversário do Presidente José Eduardo dos Santos) e 10/12 (dia do lançamento na FacMed).

Por outro lado, à TVZimbo pelo convite para o programa Sexto Sentido e à possibilidade de continuar a divulgar as minhas ideias.

Agradeço também à Rádio Nacional de Angola e a todos os esforços da Angop para publicitar o meu trabalho em todos os órgãos de comunicação do estado;

Um bem haja!
Ps: Agradeço também a todos os leitores assíduos deste blog...espero que não tentem encontrar maldade onde não existe. São apenas desabafos....

O racismo



http://adsl.esb3-fernaomagalhaes.edu.pt/trabalhos/2006-2007/racismo_e_xenofobia/nova_pagina_1.htm

Quando algo é realmente fantástico tem de ser partilhado! E eu nas minhas andaças neste mundo da net vou encontrando textos e blogs fabulosos como o http://koluki.blogspot.com/ . Nele encontrei esta fabulosa citação:

"DE RIR... DE CHORAR... OU SIMPLESMENTE DE BRADAR AOS CEUS?! (Ignorar e' dificil...)Encontrei hoje no interessante blog "Jazz no Pais do Improviso" este "achado pre-historico", para cuja reproducao aqui agradeco desde ja a compreensao do JNPDI, porque acho que estas coisas devem ser divulgadas o mais possivel para que, efectivamente, "a Historia nao se repita":"PARA QUE A HISTÓRIA NÃO SE REPITA... ...aqui ficam algumas das condições que o Ministério da Educação Popular definiu, durante o Governo de Hitler, para a atribuição de licenças para espectáculos de música de dança. DEPARTMENT OF POPULAR EDUCATION AND ART Conditions Governing the Grant of Licenses for Dance Music NEGROID: Belonging to a Negro race. This includes the African Negroes (and also those living outside of Africa), also Pygmies, Bushmen and Hottentots. NEGRITO: In the wider sense of the term, the short-statured, curly or frizzy-haired, dark-skinned inhabitants of Southeastern Asia, Melanesia and Central Africa. 1. Music: The Embargo on Negroid and Negrito Factors in dance Music and Music for Entertainments. 2. Introduction: The following regulations are intended to indicate the revival of the European spirit in the music played in this country for dances and amusements, by freeing the latter from the elements of that primitive Negroid and/or Negrito music, which may be justly regarded as being in flagrant conflict with the Europeon conception of music. These regulations constitute a transitory measure born of practical considerations and which must of necessity precede a general revival. 3. Prohibition: It is forbidden to play in public music which possesses to a marked degree characteristic features of the method of improvisation, execution, composition and arrangement adopted by Negroes and colored people. It is forbidden in publications, reports, programs, printed or verbal announcements, etc.: (a) to describe music played or to be played with the words "jazz" or "jazz music." (b) to use the technical jargon described below, except in reference to or as a description of the instrumental and vocal dance music of the North American Negroes. Exceptions may Be permitted where such music is intended for a strictly scientific or strictly educational purpose and where such music is interpreted by persons having two or more Negroid or Negritic grandparents. 4. Descripton of The Main Characteristic Features of the Above-Mentioned Music which Differ from the European Conception of Music: The use of tonally undefined mordents, Ostentatious trills, double-stopping or ascendant glissandi, obtained in the Negro style by excessive vibrato, lip technique and/or shaking of the musical instrument. In jazz terminology, the effects known as "dinge," "smear" and "whip." Also the use of intentional vocalization of an instrumental tone by imitating a throaty sound. In jazz terminology, the adoption of the "growl" on brass wind instruments, and also the "scratchy" clarinet tone. Also the use of any intentional instrumentalization of the singing voice by substituting senseless syllables for the words in the text by "metalizing" the voice. In jazz terminology, so-called "scat" singing and the vocal imitation of brass wind instruments. Also the use in Negro fashion of harshly timbered and harshly dynamic intonations unless already described. In jazz terminology, the use of "hot" intonations. Also the use in Negro fashion of dampers on brass and woodwind instruments in which the formation of the tone is achieved in solo items with more than the normal pressure. This does not apply to saxophones or trombones. Likewise forbidden, in the melody, is any melody formed in the manner characteristic of Negro players, and which can be unmistakably recognized. 5. Expressly Forbidden: The adoption in Negro fashion of short motifs of exaggerated pitch and rhythm, repeated more than three times without interruption by a solo instrument (or soloist), or more than sixteen times in succession without interruption by a group of instruments played by a band. In jazz terminology, any adoption of "licks" and "riffs" repeated more than three times in succession by a soloist or more than sixteen times for one section or for two or more sections. Also the exaggeration of Negroid bass forms, based on the broken tritone. In jazz terminology, the "boogie-woogie," "honky tonk" or "barrelhouse" style. 6. Instruments Banned: Use of very primitive instruments such as the Cuban Negro "quijada" (jaw of a donkey) and the North American Negro "washboard." Also the use of rubber mutes (plungers) for wind brass instruments, the imitation of a throaty tone in the use of mutes which, whether accompanied by any special movement of the hand or not, effect an imitation of a nasal sound. In jazz terminology, use of "plungers" and "Wah Wah" dampers. The so-called "tone color" mutes may, however, be used. Also the playing in Negro fashion of long, drawn-out percussion solos or an imitation thereof for more than two or four three-time beats, more frequently than three times or twice in the course of 32 successive beats in a complete interpretation. In jazz terminology, "stop choruses" by percussion instruments, except brass cymbals. There is no objection to providing a chorus with percussion solos in places where a break could also come, but at not more than three such places. Also the use of a constant, long drawn-out exaggerated tonal emphasis on the second and fourth beats in 4/4 time. In jazz terminology, the use of the long drawn-out "off beat" effect."
( retirado do blog http://koluki.blogspot.com/)


E porque o ridículo muitas vezes já foi lei e verdade absoluta, pergunto eu perante a claridade deste mês de Novembro de 2009: Qual o ridículo que vivemos hoje em dia? E por incrível que pareça, e porque, por mais que me peçam e me digam não dever dizer, eu afirmo solenemente: o Racismo. E o mais engraçado, é que esse racismo nem vem de fora, está mesmo na mente do próprio ostracizado, que se submete e se subjuga porque julga ser o correcto. Ele próprio se predispõe e se agacha a um rei da parvónia! Neste caso quem é o mais parvo?

A realidade em que acreditamos é aquela que vemos, e infelizmente, aquela em que vivemos!

Diga não ao Racismo! E comece por se respeitar a si e só depois ao próximo!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dino George - a força de um sonho


http://www.myspace.com/dinogeorge

O Dino George é um cantor angolano, mas acima de tudo, é um grande exemplo de luta e determinação. Um angolano que como muitos se viu forçado a sair do seu país e a conquistar a vida e dignidade num país estrangeiro. Mas o Dino ao contrário de muitos manteve o sonho e a determinação de ser cantor e de viver para a música...foi um homem de sonhos. E no percurso de realizar o seu sonho cruzamo-nos no Parque da Independência no dia em que lançava o seu CD. Sentado numa mesa com cd´s e apoiado por familiares e amigos o Dino George foi vendendo e autografando os seus cd´s. Eu comprei-lhe o CD e pedi-lhe um autógrafo...mas algo me fez perguntar-lhe mais sobre o seu percurso artístico. E com a sua humildade e toda a naturalidade confessou-me que tudo era um grande investimento pessoal...como o percebi! O mundo da arte não é nada fácil! Mas pensar que alguém investe grande fatia do seu salário num sonho com todos os riscos que isso acarreta, nesta altura de crise, é louvável! O CD do Dino fala de vários temas ligados ao amor. É um princípio de uma grande carreira; Ele que se reconhece um homem que não desiste, vai concerteza, se encher de garra e nos trará, em breve, um CD de ZOUK A&B E GOSPEL onde a promessa de ser cantor será cumprida e mantida.

domingo, 11 de outubro de 2009

A Sarrabulhada do Miguel Neto

O livro de Miguel Neto peca pela discrição e pela fraca publicidade, e quem sabe até pelo título. Mas independentemente destas vicissitudes " A Sarrabulhada do Miguel Neto" é um livro pleno de relatos interessantes da incursão do jornalista no mundo angolano fora e dentro do país. Nele o Miguel Neto despe a capa do entertainer jovial para libertar um jornalista que analisa e descreve um povo e o seu quotidiano nestes anos da sua vida ao serviço da comunicação social. Reconhece de forma imparcial defeitos e virtudes; reconhece potenciais e debilidades de Angola e dos Angolanos; mas neste jogo o povo não sai a perder porque nele reside o empreendedorismo, a força de vencer e a loucura de aventureiro, que desbravando mundos sem domínio das línguas e até sem grandes habilitações vencem lá fora e cá dentro.

Nestas crónicas Miguel Neto discute temas de forma séria e faz um relato concreto de uma realidade fracamente retratada:

"Angola, um país de empreendedores"

"A Almoçarada que une a família ao fim de semana"

"Neves Bendinha, um antigo Bairro Popular de Luxo"

"Em Busca de Melhores condições de vida no estrangeiro"

Estes são alguns dos tópicos que o Miguel Neto decidiu abordar nas suas crónicas...

Um livro que vale a pena!

sábado, 10 de outubro de 2009

O Cinema Karl Marx

Realmente se há vantagem de viver em Luanda é poder ver cinema ao ar livre durante quase todo o ano. É fabuloso estar numa sala onde enquanto o filme decorre é possível espreitar para o ondular da vegetação e para o agitar dos gatos. O Cine Karl Marx embora necessite de uma boa manutenção mantém o encanto...

O Resgate - Mawete Paciênca

Um filme de acção, onde fugindo aos filmes do género o argumento se desenvolve de forma natural, interligada e interessante. O realizador utiliza a história do roubo da Peça de Arte do Pensador para o móbil dos crimes. Tudo vale para resgatar uma Peça de Arte que vale milhões no mercado estrangeiro. O filme tem 95% de violência, seja de carro, nas ruas, nos estacionamentos...a violência passa pelas imagens das armas, pelos golpes de Kung-Fu,pelos ponta-pés na cabeça (pelo menos mais de 20...)
Reconhece-se o mérito do realizador na escolha dos actores, dos cenários e nas mensagens contra o crime. No entanto, apercebemo-nos ainda da mensagem subliminar do filme contra o racismo, através do uso do racismo contra os mulatos. Talvez o Paciência mostre a sua revolta contra os mulatos , quero acreditar que não em geral, mas apenas para as pessoas que ofendem cidadãos de raça negra com espressões esclavagistas do tipo: "Preto Burro". É inaceitável que ainda se usem esse tipo de expressões raciais impostas desde o tempo da escravatura... Quanto a essa temática tenho referido e continuo a referir que não interessa ser preto, branco ou mulato mas acima de tudo pessoas trabalhadoras e respeitadoras. Fantástica foi a utilização de personagens que aplicam rigorosamente os termos mangolês e que recriam muito do contexto e vida angolana. Por outro lado, mais uma vez este filme vem reconhecer o mérito cultural que o Nordeste Angolano tem, nomeadamente o Império Lunda-Tchokwe na Arte.

Sou da Paz! Laifado,me dormiram,

Parabéns a Paciência...continua o bom trabalho. Mas que os próximos filmes se demarquem da violência e do racismo gratuitos. O complexo de superioridade reside num complexo de inferioridade.

sábado, 3 de outubro de 2009

Espaço Baía e a poesia

Em Luanda há um espaço que conquista o top dos melhores locais para se estar: O Espaço Baía. Nele é possível comer-se bem, enquanto se desfruta de uma arquitectura com uma estética irreverente e amena. Neste espaço é possível desfrutar de um espectáculo de poesia onde jovens mais ou menos atinadados e alguns desatinados se lançam no exercício da poesia. Alguns leiem, outros declamam no momento o que lhes vai na alma e outros cantam. É de louvar que os jovens se sintam naturalmente compelidos em criar e recriar poesia...se sintam felizes em percorrer os caminhos da literatura...é realmente uma felicidade ver Angola ressuscitar a sua intelectualidade e a sua sensibilidade artística.

10 pontos ao Espaço Baía e aos poetas

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rua dos Anjos - Burity da Silva

Confesso que quem conhece a realidade portuguesa este nome que noutro país pode ser angelical em Portugal está conotado a uma rua onde vigora a droga, a prostituição e a mendicidade. Bem no centro de Lisboa numa área de grande referência arquitectónica prolifera o descuido, a sujidade, o lixo e pombos (ratos do ar) em demasia. É nessa área que se amontoam os excluídos da sociedade portuguesa. E dentro desses excluídos uma boa fatia - estrangeiros. Sim, estrangeiros...que se perdem nas filas intermináveis do SEF e no tratamento desumano oferecido pelos legítimos da terra. Pois é, Burity! Porquê a Rua dos Anjos te pergunto eu? Sabendo bem a resposta...também eu me sinto pertença dessa Rua. Também eu percorri a amargura da cor da pele e de mesmo sem ser estrangeiro, me sentir sempre estrangeira. Realmente só os anjos para se preocuparam em socorrer esses e outros...só mesmo os anjos. Quantas vezes me sentei nos bancos da Igreja dos Anjos e assisti a espectáculos dos mendigos que aguardavam a sopa dos pobres. Sem saber que um dia iria ler um livro sobre a Rua dos Anjos tecendo pensamentos que também eu pensei. Fico feliz que essa temática finalmente venha ao de cima. Talvez assim alguma justiça seja reposta;

Este Lago Não Existe - Burity da Silva

Não é fácil escrever sobre o amor sem expôr a alma e a identidade...são desafios, são passos em frente num mundo que se quer mais humano, mais romanticamente leve e mais justo. Um amor que existe, para deixar de existir. Um amor que se perde e se ganha. Que se opta em manter ou em deixar ir num lago que nunca existiu. Um lago que por ser lago existe. Um lago que por vezes teima em fugir na certeza de que tudo é incerto. Assim é o amor...uma existência frugal que "arde sem se vêr". O que interessa é que alguma vez ardeu, alguma vez existiu, mesmo que agora se afigure uma quimera...assim me se me afigura "Este Lago Não Existe". Um lago que existe na medida em que o autor o imagina como tal. Um lago de filosofias; um lago que por vezes deixa de existir porque já não o queremos mais...porque nos reinventamos longe num deserto sem flores, numa terra áspera, fugimos à nossa verdade "como manifestações do meu insucesso perante tudo, perante ti, distante desta água..." quase acreditamos que esse lago não existe!Mas renascido "Mesmo quando desisti. ou quando sempre lutei...Contra mim, sem mim...como continuar ou não,viverei certamente...neste largo embargado...". Neste poema de uma vida, de altos e baixos à beira de um lago, por vezes mergulhado no lago ou na ausência deste, tudo é descrito de forma desapegada como parte do percurso. Um percurso onde "Apago quando quero o tempo" e onde a vontade de reinventar novos passos, novos mundos, novos lagos, novas vidas, permanece...porque tudo que é feito por amor vale a pena ser vivido.

Burity da Silva - lançamento em Luanda

O escritor angolano Burity da Silva fez o seu lançamento em Luanda; E de uma assentada lançou dois livros num mercado angolano sedento de obras e de cultura. Foi na Universidade Independente sob o olhar atento de um público diverso que o acto se desenrolou. A ausência de Pepetela, que descreve o livro como "um longo poema de amor", permitiu que o amor de uma mulher brilhasse mais alto. A apresentação do autor e do livro coube a Sandra Chalot que de improviso alimentou a sessão com um discurso emocionado sobre um homem que persistiu no sonho de ser escritor, mesmo na amargura de se ver longe da mátria. Mesmo sob o peso de um racismo que vigora num Portugal preconceituoso...manteve-se na certeza de que o que lhe ia na alma era valioso e devia ser reflectido em livros. Não é fácil escrever sobre o amor sem expôr a alma e a identidade. E mais difícil se torna, expor a alma num mundo onde se acredita que o africano é escravo...são desafios, são passos em frente num mundo que se quer mais humano, mais romanticamente leve e mais justo. Um amor que existe, para deixar de existir. Um amor que se perde e se ganha. Que se opta em manter ou em deixar ir num lago que nunca existiu. Um lago que por ser lago existe. Um lago que por vezes teima em fugir na certeza de que tudo é incerto. Assim é o amor...uma existência frugal que "arde sem se vêr". O que interessa é que alguma vez ardeu, alguma vez existiu, mesmo que agora se afigure uma quimera...assim se afigura "Este Lago Não Existe".