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domingo, 17 de março de 2013

Uma História de Amor à Procura de um Final Feliz

Assim como assim, estava desfeito o mistério. Sobrava apenas a curiosidade pelos detalhes. Como, aonde, quando, quem e porquê suspendiam Samira e Tamara, no fio condutor de uma história. Já não se questionavam se verídica era? Acreditavam piamente, que toda aquela história comigo se tinha passado. Será? Como prender leitores senão relatar experiências também por eles vividas? Mas mais importante, como defender o amor, sem fazer crer ao leitor que também o autor já padeceu desse mal maior? Histórias de amor dizem-se ridículas, assim como as cartas. Mas quanto mais observo o mundo em volta, mais sinto os homens desejosos de viver um grande amor. Entregar-se de corpo e alma à tal alma-gêmea. Porém, num mundo de canalhas e interesses, muitas vezes, absurdo é acreditar no amor. Vejo mulheres perderem-se em ataques infames a amantes de maridos infiéis. Vejo infidelidade grassar como erva daninha no mal necessário do casamento. E o amor esvai-se em dores de um parto atroz. Até os homens, neste capítulo conseguem fazer nascer filhos. E neste capítulo do amor, não há cor e não há raça, todos amam, todos sofrem e todos se ficam na margem entre o canalha e o amoroso. E aqui, vos apresento uma história de Amor à Procura de um Final Feliz. Uma história eventualmente minha, ou de qualquer outro que já tenha optado por caminhar no desfiladeiro do amor. Sem medo, com medos numa cruzada com contra-cruzadas de uma Madalena imberbe, inocente, apaixonada nas mãos de um... vá-se lá saber que nome dar... 11 de Abril de 2008 Agora que passou um ano desde a primeira vez que te vi, regresso a este mês, num derradeiro esforço para reescrever a nossa história. Gostava de escrever um final feliz. Mas no leito da minha dor todos me dizem ser impossível, porque não me amas. E há quem me grite ao ouvido: «a vida não é só finais felizes! Acorda! Achas que ele te dedicaria um livro?!» - perguntam-me numa ironia cortante. E sem saber porquê, respondo com toda a confiança de uma fé inabalável: — Sim! Ele era capaz — sinto amor na caminhada sem provas. Como antigamente os amantes escreviam cartas que, desesperadamente, introduziam em garrafas lançadas ao mar, na confiança cega do destino se encarregar de entregar à alma certa. Assim, escrevo este livro revelador do amor que nutro no solo fértil do coração; e para iniciar, nada como voltar a este mês de Abril do teu aniversário. Foi neste mês de lágrimas mil que os deuses se reuniram para me lançarem o feitiço do amor! Decidiram oferecer-me como tua mulher, sem me consultarem. Os deuses devem estar loucos! E tu, marcaste-me, assim que me viste? Sabias que ia ser tua? Ou serei a tua mulher? Sabes isso? Por acaso tens a resposta? Agora, regresso a este mês de Abril e lágrimas mil a tentar reescrever esta nossa história de amor. Recuo o tempo, no folhear da memória! Se me amas verdadeiramente levanta os olhos quando entro. Mas se me queres simplesmente magoar, mantém-nos preso ao papel e não me perturbes! Fecha os olhos enquanto entro na tua sala. Não os levantes nunca. Não me vejas. Deixa-me sair como entrei! Deixa-me sair como entrei! - Antevejo uma tragédia – riu-se Tamara para Safira. Deixa-me sair como entrei? - E saíste como entraste? – perguntou Safira apertando o cabelo num puxinho. Descobrindo a nuca ao sabor fresco do ar. A história deixava-a afogueada. — Claro que não! Ele montou-me uma armadilha onde intencionalmente caí. — Intencionalmente? — Sim – ri-me, em todo o processo nunca perdi a consciência. Espera, minto, só quando fui anestesiada... — E foi bom? — Foi delicioso, foi excelente! Pela primeira vez na minha vida senti-me completa e finalmente entendi o conceito de alma gémea. Pela primeira vez na vida entreguei-me por completo e amei de verdade. — Então valeu a pena?! — Já me fiz essa pergunta milhares de vezes... e aqui perante vocês tenho de confessar que valeu a pena porque percebi a dimensão do desejo, paixão e amor! — O Amor engrandece! – suspirou Safira, antevendo o tempo de viver o seu grande e eterno amor. — Sim, quando descobres o amor verdadeiro passas a acreditar que podes conquistar o mundo. Que a vida é uma tela colorida que todos os dias escolhes pintar nas cores que queres. — Mas como se conheceram? Quem é ele? Como te cativou? – apressou Tamara numa tentativa de descortinar o personagem principal. — Conheci-o num hospital…por causa de um quisto que tive no pulso. E antes de o conhecer sentia, claramente, que esse quisto era somático. Sentia ser o meu inconsciente a empurrar-me para a necessidade de viver uma vida plena; a acreditar no amor, mas Oh God! Era tão difícil, pois quase toda a gente me gritava: sonhos, amor, alma gémea…cresce! Isso não existe! E eu a balançar, na dúvida entre a realidade e o sonho, abri as portas ao caos! Ou seja, para a estrondosa entrada de Leão Magno… O Dia em que te conheci — 11 de Abril de 2007 A tua voz rouca anunciou o meu nome vezes sem conta. E enfiada na casa de banho saí a correr. Mas demasiado tarde. O meu atraso parecia ter-te deixado mal-humorado. E por isso, entrei na tua sala timidamente, não te queria dizer que estava no W.C. Pediste-me, num tom monocórdico que fechasse a porta e tomasse assento numa das tuas cadeiras desconfortáveis. Lueji Dharma

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