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domingo, 30 de junho de 2013

Leif Biureborgh - Entrevista Parte I - Agostinho Neto





Angola na sua luta armada pela independência teve o apoio oficial de entidades suecas, em especial do Partido Democrático Socialista Sueco que enviou Leif Biureborgh para acompanhar e apoiar o MPLA na sua luta armada e ascensão política.
Numa altura em que as insurreições em África eram encaradas pela maior parte dos países ditos ocidentais como movimentos terroristas e/ou comunistas, a Suécia juntamente com outros países nórdicos posiciona-se no apoio à luta contra as ditaduras e contra a colonização africana.

A Suécia desde cedo apoiou os movimentos de libertação em África como sejam o MPLA em Angola, PAIGC (Guiné-Bissau) e FRELIMO (Moçambique).
Desses tempos Leif Biureborgh recorda o encontro em meados de Julho de 1973 com Agostinho Neto. Um encontro que se prolongou por um mês em que viajaram ora por carro, ora a pé num tempo de total incerteza onde já se previa o fim da ditaduras europeias, entre as quais, a ditadura salazarista que com o seu exército e a PIDE dificultavam a libertação das colónias europeias.


Como recorda Agostinho Neto nesses primeiros tempos? A imagem que detém dele?

Para falar de Agostinho Neto há que contextualizar as pessoas e acções numa fase de ebulição. Os tempos em que vivíamos era de total incerteza. Sabíamos por uma intuição baseada num desejo de justiça que estávamos do lado certo mas a verdade é que a desconfiança imperava: “não sabíamos quem era quem em todo o processo”. Defender esta causa era só por si motivo de perseguição ou prisão, mas estar envolvido na sua preparação, na luta armada era uma sentença de morte constante. Todos os dias tínhamos notícias de mortes e assassinatos. Muitos ficaram para trás. E é neste contexto que eu inicio o meu percurso por África e que conheço um Agostinho Neto que se destacava pela sua visão e persistência, mesmo naqueles tempos de total incerteza. A verdade é que ele acreditou até ao fim e nunca recuou.

Agostinho teve várias vezes em Estocolmo?

Suécia na altura era um país aberto a todos os que lutavam contra as ditaduras. Apesar de não estar em guerra mantinha o seu apoio às causas de libertação, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da SIDA. E em Angola, a Suécia, em parte pelos relatórios que produzia no campo, apoiou Agostinho Neto que defendia uma sociedade não assente em raças ou tribos.

Quanto ao conflito entre Agostinho Neto e Daniel Chipenda

O encontro em Lusaka transformou-se numa guerra entre facções dentro do MPLA ao invés de ser um momento de consenso. Agostinho Neto abandona o encontro onde Daniel Chipenda luta pela liderança do MPLA. Recordo a frustração que AN demonstrava após o encontro, no entanto, ele não se deixou abater e “ordena” que a luta se faça agora no interior de Angola.


Já leu a poesia de Agostinho Neto?

Já li e considero uma poesia estreitamente relacionada com o tempo em que foi escrita de grande cunho profético e visionário.

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