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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Segredos do Club K - Mesa Bicuda com José Gama




Boa tarde, é com imenso prazer que o recebo nesta MESA BICUDA onde revelámos almas e segredos numa conversa bicuda, sobre os homens por detrás dos sonhos e dos projectos.

Para quem não o conhece, tenho que o descrever como um dos principais rostos invisíveis do Club K. Para quem não conhece o Club K acredito não estar a cometer nenhuma gaffe ao descrevê-lo como um portal de informação, opinião, sem pretensões jornalísticas ou partidárias. De alguma forma são considerados a fonte de informação por excelência na internet, e constituem já uma referência no quotidiano mwangolê.



Quem é o José Gama nas suas palavras?

Considero fazer parte do grupo de jovens que está comprometido com os valores cívicos e morais que norteiam uma sociedade democrática e civilizada. Somos do tipo de jovens que não conseguem permanecer indiferentes à injustiça, independentemente da cor política, do poder e do suposto status de algumas pessoas. No fundo apenas procuramos ajudar no processo de humanização e democratização que o nosso país está a atravessar. Muitas outras pessoas se identificam connosco e procuram-nos mas sentem-se presos e atados a uma auto-censura. Esquecem-se muitas vezes que o próprio executivo é o primeiro a beneficiar com este processo.



Como surge o Club K na sua vida? E Porquê?

O Club-K surgiu em finais de 2000 como uma organização virada para a defesa dos direitos cívicos dos angolanos sobretudo o que estão na diáspora que é a nossa base. Em 2002 criamos o portal para passar a informar sobre as nossas actividades. Mas dado o afluxo de informação acabamos por disponibilizar no nosso portal algumas análises de informação para os nossos leitores.



No quotidiano ouve-se dizer que o Club K é da Unita, outros que é do MPLA, que é do Sinfo... O Club K tem alguma conotação política ou governamental?

O Club-K tem uma conotação cívica. É normal que quando dizemos que os da UNITA ou da FNLA devem ser também tratados como irmãos e que não devem ser marginalizados, surge este ou aquele a julgar que a nossa conotação é pró essa força partidária. Estamos apenas a zelar pelo direito de cidadania e liberdade de expressão de todos e que querem salvaguardar a nossa constituição. Por outro lado, e por uma questão de insenção e justiça, também dizemos às pessoas de outros partidos que não podem olhar para o MPLA como um instrumento com vocação à violacao dos direitos das pessoas ou à corrupção. No MPLA também é possível encontrar um trabalho digno e muitas pessoas de valor.

Certamente estas dúvidas prendem-se com o facto de o Club K partilhar na net informação sigilosa que só alguns círculos do poder podem aceder... como justifica esse acesso do club K?

O mistério não está no CK, mas sim na sociedade política angolana que se fez fechada no ponto de vista da circulação da informação. Talvez devido a uma estratégia proveniente de um país de guerra, em Angola, faz-se tabu e sigilo de tudo. Suponhamos que se divulgue com antecedência que o Presidente vai por motivos médicos em viagem para Espanha. Uma informação normal, que mais tarde é divulgada em comunicados oficiosos e que o CK apenas teve o privilégio, talvez por não termos uma estrutura burocrática, de a divulgar em primeira mão. Esta informação antecipada é que confere sucesso ao Club K.

Uma das grandes críticas ao vosso trabalho prende-se com os comentários lamentáveis que aparecem em rodapé. Muitos deles difamatórios e sem qualquer fundamento e que põem em causa o bom nome e dignidade dos visados. Qual a vossa posição em relação a esta “desinformação”?

Quanto aos comentários que se fazem no CK é da responsabilidade de quem os faz, mas cabe a nós censurarmos as ofensas através do sistema de filtro. Infelizmente, temos estado a perder a batalha contra tais comentários visto que as pessoas usam outras formas de o fazer sem que nos apercebamos. Mas a luta continua, e aproveito para apelar a estes camaradas que optemos por um debate construtivo, crítico ou mesmo contraditório, para sermos vistos como pessoas sérias e úteis à nação.



Fala-se de censura em Angola. Como é possível então ao Club K um portal feito por angolanos continuar a manter-se na crista da informação?



Nunca sentimos alguma censura.

Mas também temos de salientar que trabalhamos fora de Angola. Mas não duvido da existência de uma pressão sobre os angolanos no país.



Muita da informação que vocês lançam tem sido desmentida pelos próprios intervenientes... como garantir a credibilidade das vossas informações?

Pelo contrário, raramente são desmentidas. Se assim fossem o Club-K estaria totalmente descredibilizado e ninguém faria dele a sua fonte de informação. Nós somos rigorosos nas pesquisas. Pode haver falhas em tecermos nomes de forma errada mas as pessoas ou algum erro gramatical que consideramos lapsos normais. Há dias informamos que o PR iria visitar o Sambizanga, isso foi numa quarta feira e na sexta feira verificou-se. Foi um facto e assim acontece sempre.



Muitos jornalistas não se revêem na forma como vocês trabalham a informação. Especialmente por não haver confirmação no local, com os intervenientes, expôr-se nomes, emitir juízos de valores, etc. É a notícia a qualquer custo?

A realidade mostra-nos o contrário. Os jornalistas em Angola são os que mais se revêem no nosso trabalho. Se não fosse verdade nao viríamos os nossos textos a serem retomados pela imprensa angolana e internacional. Nós nunca tivémos represálias, não atacamos as pessoas, atacamos os procedimentos, a corrupção, a violação dos direitos do homem. Os angolanos esclarecidos devem agora enveredar por uma campanha de solidariedade e humizadora no sentido de se reduzir as violações à constituição. Não se trata de atacar personalidades mas aumentar os índices de solidariedade no nosso país, pela exigência da defesa da vida humana.

Nós trabalhámos à distância mas isso não põe em causa a veracidade do nosso trabalho. Fazemos também reportagens no terreno, e no interior do pais. O que mais publicamos são análise de informação baseadas em documentos, comunicados... para prestar este tipo de serviço não é necessário estar dentro dos gabinetes dos governantes ou ligado aos serviços de informação jornalística. Hoje temos a internet, e pode-se receber documentos de todo o mundo e disponizá-los de imediato para todos



E o que você pensa do jornalismo em Angola?

É um jornalismo conforme a nossa realidade.



Qual o seu maior sonho?

O meu maior sonho é fazermos de Angola um mundo onde todos se sintam parte responsável nos desígnios do país, com deveres e direitos. Um mundo em que ninguém é agredido por ter opinião diferente. Entendo que é através das nossas diferenças que poderemos construir o debate com ideias para a construção de uma nação em Angola.



Qual o maior sonho do Club – K em termos de realização?

O CK considera já ter alcançado o “nosso sonho” que é de contribuir para que as pessoas tenham informação para poderem agir com maior consciência da realidade. Temos de construir um pais assente na verdade e honestidade.



Um segredo bicudo que queiras revelar?

Não há segredo, todos que me conhecem sabem que a minha vida é um livro aberto tal como a do Duncan de Shaskespeare.

Qual o preço da realização deste sonho?

O preço pelas nossas opções é o de dedicarmos mais tempo à causa do que à familia. Quando não bem gerido causa instabilidade humana. Há um preço que podemos pagar no futuro por não podermos ser admitidos em empresas porque fomos inconvenientes com alguns poderosos do sistema. Mas o preço do silêncio às constantes violações praticadas contra outros nossos compatriotas seria incomparavelmente superior.



O que te tira o sono?

Quando sei que um policia matou ou que o governo mandou prender o Agostinho Chicaia por pensar diferente. Saber que outros aceitam porque aprenderam a encarar as prisoes arbitrárias como normais. Desconhecem os seus valores constitucionais por isso que acham que a policia tem o dever de assassinar até por causa da agua como aconteceu no Cacuaco



Obrigada José Gama por esta conversa elucidativa. Espero poder ter ajudado a esclarecer os nossos potenciais leitores. A Mesa Bicuda é um espaço que embora livre, cuida por um ambiente pacífico onde a verdade é encontrada pela sabedoria, insenção e diplomacia, ie, sem recorrer a ataques que apenas nos separam. Talvez, acabe por ter menos impacto, mas também sei, que poderá ser uma ponte para unir em vez de separar. Num ambiente de reconciliação nacional, o diálogo vale mais que um debate aceso onde os ataques ofuscam a verdadeira essência das pessoas e dos trabalhos que queremos conhecer. O discurso típico do "vale tudo" é explícitamente proibido. Vale tudo se for para engrandecer a todos. Busca-se conhecimento e não desentendimento, num espírito de amor pelo próximo.

A Bicudeira!

domingo, 15 de maio de 2011

11 de Junho - Lançamento do Livro de Aldeia de Deus

O lançamento decorrerá na União dos Escritores Angolanos dia 11 de Junho, pelas 17h30,no decorrer do evento de Poesia à Volta da Fogueira do Movimento Lev'arte.

Um livro que desvendará sociedades secretas que encerram o conhecimento e a sabedoria do mundo ancestral. Tudo passa pela maçonaria, Egipto e pelas Tábuas de Esmeralda de Hermes Trismegisto... tudo se resume ao número 11, que revela coincidência e encaminha ao Grande Arquitecto do Universo. Passa-se pela poesia e recolhe-se magia...

Lueji Dharma

terça-feira, 12 de abril de 2011

Aldeia de Deus

Os suecos e um grande estilo de vida!

Acho que vale a pena "perder" um bocado de tempo a ler este e-mail...pode ser que nos deixe a pensar um bocado...



“Pare de correr porque o fim chega mais depressa.

Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa e trabalha na Volvo.

Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.

Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.
Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, nós
(brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada.
Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.

Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no final, acaba
sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.

E vejo assim:
1. O país é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, que tem 2 milhões);
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?
5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.
Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles.

Vou contar para vocês uma breve só para dar noção.

A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e
ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no
terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei: "Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que
chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final."

Ele me respondeu simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique
mais perto da porta. Você não acha?".

Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para rever bastante os meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na
Itália (o site, é muito interessante. Veja-o!).

O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar,saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a
família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele Representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.

A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista
Business Week numa edição européia.

A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas( 35 horas por semana ) são mais produtivos que seus colegas Americanos ou ingleses.

E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.

Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).

Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress".
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em
contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da
simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.
Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com
prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria que você pensasse um pouco sobre isso... Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da
perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?
Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela
responde: - "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos."

- "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de tango.
E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim.

Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.

Tempo todo mundo tem, por igual!
Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque,
como disse John Lennon: - "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro"...

Parabéns por ter lido até o final!
Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo globalizado.

Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família.
De ficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas...
Poderá ser tarde demais!

Saber aprender para sobreviver...
DIVULGUEM AOS AMIGOS !!!

sábado, 9 de abril de 2011

"CONFERENCIA INTERNACIONAL "AS CONSTITUICOES E A ESTABILIDADE DOS ESTADOS DEMOCRATICOS E DE DIREITO EM AFRICA.

Discurso de DR. Bornito Sousa:


"CONFERENCIA INTERNACIONAL "AS CONSTITUICOES E A ESTABILIDADE DOS ESTADOS DEMOCRATICOS E DE DIREITO EM AFRICA.

- Luanda, 6 de Abril de 2011. -



MAGNIFICO REITOR DA UNIVERSIDIADE AGOSTINHO NETO,

SENHOR DECANO DA FACULDADE DE DIREITO DA UAN,

SENHORES PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DO IASED,

DOCENTES E DISCENTES PRESENTES,

EXCELENCIAS,

DISTINTOS CONVIDADOS,

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,



Permitam-me começar por agradecer o convite que me foi endereçado pelo Instituto Angolano de Sistemas Eleitorais e Democracia para proceder à abertura desta Conferencia Internacional sobre "AS CONSTITUICOES E A ESTABILIDADE DOS ESTADOS DEMOCRATICOS E DE DIREITO EM AFRICA" que decorre em Luanda, de 6 a 8 do corrente mês de Abril.



O duplo facto da Conferencia ocorrer num momento em que se celebra o 9° Aniversário da Paz em Angola e no quadro do 1° Aniversário da promulgação da nova Constituição da Republica de Angola, aumenta a sua relevancia.



Acresce a isso a coincidencia com o fim do ano do Cinquentenario da Independencia de varios países de África e com os recentes fenomenos politicos extraordinarios que ocorrem em paises arabes do Norte de África e do Medio Oriente e que determinados circulos politicos e sociais, já apelidados de "democratas das liberdades", por uns, ou "democratas malcriados", por outros, procuram aplicar em Angola.



Mas a listagem de questoes com relevancia politico-constitucional e academica nao termina aí.



Situacoes de conflitos eleitorais e pos-eleitorais, solucoes constitucionais e extra-constitucionais, o direito de ingerencia internacional na Libia e na Côte d'Ivoire e a correccao da síndrome do Iraque agora com o beneplacito das Nacoes Unidas, a geopolítica do petroleo, a Belgica sem Governo ha quase um ano, o Gabao e Togo - dois casos recentes de transicao do poder de pai para filho ou o papel das organizacoes regionais e o envolvimento da sociedade civil em Africa, merecem analise.



Merecem analise problemas como o crescente desinteresse e abstencao na participacao eleitoral sobretudo nas democracias mais antigas e sua relacao com a Legitimidade politica e democratica. A titulo de exemplo, quem tem mais legitimidade ou terao a mesma legitimidade democratica, o Presidente Constitucional angolano votado em 1992 por mais de 49% de cerca de 90% eleitores participantes e concorrente eleito em 2008 como cabeca-de-lista do Partido vencedor por 82% de cerca de 88% de eleitores votantes ou o Presidente da irmā Republica portuguesa eleito por 53% de apenas cerca de 47% dos eleitores votantes ou seja, na realidade eleito por apenas 25% ou 1/4 dos eleitores registados?



De igual modo, a propria Crise financeira internacional e suas implicacoes nas relacoes regionais e internacionais e nos processos democraticos, nomeadamente nos chamados PIG's (Portugal, Irlanda e Grecia), a par da emergencia dos BRICS (Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul) ou mesmo o futuro das energias e da seguranca ambiental global, depois de Chernobil e Fukushima.



Assim, tambem, o debate constitucional, a busca ou o aperfeicoamento de modelos constitucionais ou ainda os processos de elaboracao de novas Constituicoes continuam: Namibia, Africa do Sul, Zimbabwe, Kenya, Marrocos, Egipto, paises do leste europeu, Portugal e mesmo os Estados Unidos, para apenas citar alguns.



EXCELENCIAS,

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,



ANGOLA nao poderia ser uma excepcao. Apos eleicoes legislativas em 2008, o Parlamento com poderes constituintes aprovou uma nova Constituicao na sequencia de um amplo debate nacional em torno de cerca de uma dezena de projectos apresentados pelas forcas politicas e de centenas de propostas de cidadaos e instituicoes da sociedade civil.



A Constituicao angolana de 2010 enriquece sobremaneira a carteira de Direitos Fundamentais dos cidadaos e o seu quadro de garantias, clarifica o quadro institucional e economico-social.



Mas é o modelo de Sistema de governo, designado "Presidencialista-parlamentar", o que mais atrai o debate politico, juridico-constitucional e academico. De facto, um Sistema presidencialista no qual a titularidade da Chefia do Estado é depositada no cabeca-de-lista do Partido ou da Coligaca de Partidos mais votado nas eleicoes gerais que em simultaneo designam tambem os Deputados ao Parlamento. É como se, na Gra-Bretanha, o Primeiro-Ministro e Chefe de Governo ou na Espanha, o Presidente do Governo, acumulassem a Chefia do Estado que, nesses paises, é exercida pelos respectivos Monarcas.



O modelo procura evitar a potencial conflitualidade e os elevados custos de sucessivas eleicoes, harmonizar o relacionamento institucional e concentrar o esforco das instituicoes do Estado na resolucao dos principais problemas das populacoes, da comunidades e das familias e, em geral, do desenvolvimento do País.



O abandono do modelo semi-presidencialista anterior visa ainda criar condicoes efectivas de governabilidade.



A Constituicao de 2010 culmina uma transicao constitucional iniciada em 1991 e abre as portas para a transicao politica e a regularidade constitucional das eleicoes em Angola.



Assim, as eleicoes de 2012 aplicarao ja o modelo da Constituicao de 2010 e a elas se seguirao as eleicoes autarquicas, no quadro do que um conjunto de iniciativas internas e internacionais estao em curso para alinhar a participacao dos cidadaos angolanos na escolha dos seus representantes e administradores a nivel de Municipios e ou de Cidades, com os padroes internacionais.



Nesse sentido, estao a recente participacao e admissao de Angola como membro associado do Forum dos Governos Locais da Commonwealth, o estabelecimento de contactos com as Cidades de Washington e Atlanta (Estados Unidos da America), a realizacao em Luanda do Forum dos Governos Locais da SADC e a participacao na Conferencia dos Ministros Africanos dos Governos Locais. Mas sobretudo a aprovacao de uma verba de mais de 400 milhoes de dolares para a aplicacao de programas integrados de desenvolvimento municipal e de combate a pobreza, alem de um ambicioso programa de construcao habitacional, da transformacao de todos os Municipios em Unidades orcamentais e da criacao de novas Cidades e Municipios.



Quero acreditar que a transicao politica e os processos de aprofundamento da democracia e de desenvolvimento e modernizacao de Angola abrirao caminho a um cada vez maior envolvimento da juventude e do dialogo inter-geracional harmonioso ou seja entre a geracao do Panafricanismo (protagonista dos anos 50-60), a geracao da libertacao nacional (anos 70-80) e a geracao da internet e da globalizacao (anos 90-Sec XXI).



A este respeito, o Presidente Jose Eduardo dos Santos defendeu na sua estrategia de transicao politica, o salto da sua geracao. Sobre isso, num país jovem como Angola e num mundo em que potências globais ou paises de sucesso sao dirigidos por lideres ja nascidos nos anos 60, nao seria uma heresia a consideracao por todas as forcas politicas e sociais da priorizacao do criterio do "duplo salto geracional" na composicao dos orgaos do Estado.



Vejam-se os casos de Barack Obama, dos Estados Unidos; de Dimitri Medvedev, da Russia; de David Cameron, da Gra-Bretanha; de Julia Gillard, da Australia e de Jose Maria Neves, de Cabo Verde. Aquilo a que eu chamaria de "under 50 world leaders" (a geracao de lideres mundiais que iniciaram altas funcoes de Estado com menos de 50 anos). Veja-se, alias, o exemplo de grande parte dos lideres e dirigentes da libertacao e da defesa da Independencia de Angola que começaram a exercer - e com sucesso - funcoes de responsabilidade aos 18, 20 ou 30 e poucos anos de idade!



EXCELENCIAS,

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,

DISTINTOS CONVIDADOS,



Termino saudando os ilustres Magistrados, Academicos, Diplomatas e Cientistas Politicos angolanos ou visitantes, conferencistas de temas tao aliciantes como "A ESTABILIDADE DEMOCRATICA E AS REFORMAS CONSTITUCIONAIS EM AFRICA", "AS CONSTITUICOES E A PARTICIPACAO DEMOCRATICA EM AFRICA" ou "OS DESAFIOS DA JURISDICAO CONSTITUCIONAL PARA A CONSOLIDACAO DA DEMOCRACIA EM AFRICA".



Declaro aberta a CONFERENCIA INTERNACIONAL "AS CONSTITUICOES E A ESTABILIDADE DOS ESTADOS DEMOCRATICOS E DE DIREITO EM AFRICA" e desejo a todos os participantes frutuosos debates.



Muito obrigado.!.....

domingo, 20 de março de 2011

Mesa Bicuda - Poeta dos Pés Descalços / FADO E POESIA





É com muito rigor que chega uma vez mais um novo produto ao mercado angolano esforço de muito sacrifício e amor pela Cultura Nacional, é com bastante satisfação que vos trago o Projecto o Fado e a Poesia, que estará a disposição dos todos os amantes de poesia musicada no dia 27 de Março de 2011 a partir das 08h:00 da manhã.



Este álbum comporta 14 faixas poético-musicais e foi explicitamente feito a pensar em todas as mulheres apaixonadas de Angola e do mundo...



Ângelo Reis

“o poeta dos pés descalços”

RAINHA NJINGA - JOHN BELLA

sábado, 19 de março de 2011

MULHER DE AMANHÃ - Uma provocação

Violação - Um texto de uma mulher angolana -

Há uns anos atrás um homem disse-me que o mundo era nosso mas nós não sabiamos.
Talvez ele tenha razão, não sei, mas o que é certo é que a Maternidade nos confere tudo. Os homens inteligentes sabem disso, os outros, coitados.....!!!!!
Sábado estava na esquadra; mais uma vez fui assaltada. Um dos agentes trouxe uma miúda grávida.
Disse o seguinte: essas mulheres são teimosas depois se lhes varremos (subentende-se violamos)......
O outro respondeu entre dentes: é camuflar...

Os homens são nosso produto. Tem os nossos genes, parimo-los, alimentamo-los, protegemo-los. Somos mães e irmãs. Na falta da mãe as irmãs substituem. É incrivel! O meu sobrinho tem 03 anos. Na ausência da minha irmã a minha sobrinha que tem 06 anos substitui-lhe; acho que é intrinseco. Calça-lhe, veste-lhe, da-lhe de comer, da-lhe banho.....
Em troca, todas as vezes que ele quer impor a vontade dele bate-lhe.
Parimos os filhos deles, perpetuamos os seus genes.
Temos uma capacidade incrivel de luta e sobrevivência. É esta força que garante a sobrevivência da nossa espécie. Carregamos o mundo.
Não preciso de mais nada, apesar dos pesares, VALE A PENA SER MULHER.
D

domingo, 6 de março de 2011

Deolinda Rodrigues - Cartas de Langidila

Cartas de Langidila - Deolinda Rodrigues


Deolinda Rodrigues é descrita e lembrada como uma mulher "afável, compreensíva" que "tratava sempre de se manter informada" e de transmitir informação e conhecimento aos seus companheiros. Preocupava-a o analfabetismo:
"É terrível a indiferença e o analfabetismo desta gente; já nem o quase nada que a imprensa yanqui publica sobre a nossa tragédia eles leram"

Mesmo contra uma diáspora amorfa ela acredita: "O importante é saber o que queremos e caminhar para a frente" E no final de contas ela desabafa : "Ah! Se me safo deste vazio"

Hoje em dia são muitas as dúvidas que pairam sobre o desaparecimento de Deolinda Rodrigues e sobre a sua morte. Mas tendo em conta, que a sua luta reinvidicava justiça e dignidade: não será concerteza demais dizer que o passado não deverá por em risco a paz futura.

Já ela na altura lutava pela união entre os angolanos contra as correntes de fundo tribalista e racial divulgadas por alguns movimentos da altura.

"ACEITAMOS UNIDADE PARA TODOS NÓS E NÃO NA BASE DE SELECÇÕES INDIVIDUAIS"

De salientar que neste livro é possível encontrar cópias das cartas manuscritas de Deolinda Rodrigues e cópias de documentos confidenciais da PIDE, MPLA, entre outros.

Mais um livro que poderá ajudar a reescrever a história sempre com o intuito da paz e da unidade nacional.

Invictus - Angola

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

E assim és ANGOLA - comandante e senhora de tua alma!

Copyright © André C S Masini, 2000
Todos os direitos reservados. Tradução publicada originalmente
no livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa"

domingo, 9 de janeiro de 2011

Uma História de Amor à Procura de um Final Feliz


Uma História de Amor à Procura de Um Final Feliz

Assim como assim, estava desfeito o mistério. Sobrava apenas a curiosidade pelos detalhes. Como, aonde, quando, quem e porquê suspendiam Samira e Tamara, no fio condutor de uma história. Já não se questionavam se verídica era? Acreditavam piamente, que toda aquela história comigo se tinha passado. Será? Como prender leitores senão relatar experiências também por eles vividas? Mas mais importante, como defender o amor, sem fazer crer ao leitor que também o autor já padeceu desse mal maior?

Histórias de amor dizem-se ridículas, assim como as cartas. Mas quanto mais observo o mundo em volta, mais sinto os homens desejosos de viver um grande amor. Entregar-se de corpo e alma à tal alma-gémea. Porém, num mundo de canalhas e interesses, muitas vezes, absurdo é acreditar no amor. Vejo mulheres perderem-se em ataques infâmes a amantes de maridos infiéis. Vejo infidelidade grassar como erva daninha no mal necessário do casamento. E o amor esvai-se em dores de um parto atroz. Até os homens, neste capítulo conseguem fazer nascer filhos. E neste capítulo do amor, não há cor e não há raça, todos amam, todos sofrem e todos se ficam na margem entre o canalha e o amoroso.

E aqui, vos apresento uma história de Amor à Procura de um Final Feliz. Uma história eventualmente minha, ou de qualquer outro que já tenha optado por caminhar no desfiladeiro do amor. Sem medo, com medos numa cruzada com contra-cruzadas de uma Madalena imberbe, inocente, apaixonada nas mãos de um... vá-se lá saber que nome dar...


Lueji Dharma