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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A (RE) CONSTRUÇÃO DA ANGOLANIDADE EM UANHENGA XITU

Num destes dias, em Luanda, fui ao lançamento do novo livro de UANHENGA XITU pseudónimo de Mendes de Carvalho. Uma cerimónia que decorreu na União de Escritores Angolanos e que contou com plateia cheia de escritores de renome como Pepetela, John Bella, Luandino Vieira...

Os livros vendiam-se enquanto Luandino Vieira apresentava o livro deste "mais-velho" com a sabedoria de soba: uma verdadeira enciclopédia viva de Angola e da Angolanidade.

Entre os livros que se vendiam, acabei por comprar A (RE) CONSTRUÇÃO DA ANGOLANIDADE EM UANHENGA XITU de Ana Lopes de Sá. Este livro aborda a obra de Uahenga Xitu nas vertentes de "escritor e contador original, mas ainda como cidadão, intelectual e activista político do antes e depois da independência de Angola".

Da leitura deste pequeno livro percebe-se que UANHENGA XITU reflecte o conflito e a "maka" entre o tradicional (de Angola) com o suposto moderno que vem de fora. Seja em termos de religião, cultura ou política...na sequência da "encruzilhada de civilizações" referida por Agostinho Neto.

Em "Cultos Especiais", Mendes de Carvalho como espectador de dois mundos, foca-se na temática da aculturação e da perca de identidade provocada pelo Cristianismo e por outras forças religiosas estrangeiras em Angola. Claro, que nestes fenómenos de aculturação não se pode falar apenas em percas também há ganhos...há outras formas que são apreendidas...

Assim o autor foca-se em aspectos e tradições da sociedade tradicional que conflituam com as novas correntes e padrões religiosos, como sejam, a poligamia, os amuletos, as kimbandas, os óbitos, etc...um universo enraizado que se vê ostracizado e estigmatizado.

Sem solução para a (des)união Uahenga questiona-se "Oh passado, como te posso invocar e viver-te no vivo?!"

E neste dilema ora encontra solução no tradicional ora no moderno! Mas num breve reparo de um "mais-velho" que já não tem idade para ter medo (uoma) e que tem a obrigação de contar aos outros .

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