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domingo, 26 de maio de 2013

Um Homem Como Tu Merecia Levar no... - Lueji Dharma

Ele ansiava para que ela entrasse novamente na sala. Não sabia desde quando aquela vontade de a ver o havia assolado. De um dia para o outro ele sentia-se estranho ao pé dela. Algo não estava bem. Às vezes no silêncio da agitação do hospital a imagem dela assaltava-lhe a mente. Pela primeira vez ele não tinha comando sobre as imagens que o seu cérebro projectava. Era normal, para ele, aparecerem rabos grandes, seios avantajados, mas agora a sua mente substituía estas imagens por detalhes daquela mulher. O sorriso, os gestos, o olhar, as gargalhadas… estavam presentes em contínuo lembrando-o de como ela era especialmente doce, carinhosa e dedicada. Parecia-lhe estar a ouvir a sua voz no corredor. Preso naquela cama do hospital não conseguia levantar-se para que ela pelo menos o visse com alguma dignidade. Mas as dores das mazelas do ataque que sofrera obrigavam-no a manter-se praticamente imóvel. Não podia forçar o corpo a esforços por mínimo que fossem. Ele conseguia perceber agora que os músculos do ânus estavam ligados a todo o corpo. Levantar-se era um pesadelo porque poderia por em risco os pontos que ligavam a carne rasgada. Quando a porta abriu o tempo parou e toda a sala esvaziou-se de cinética. A inércia entrou determinando uma pausa até para a respiração. Apenas ela se movimentava naquela sala pausada. Ele deitado na sua cama conseguia ver o aroma dela desprender-se numa nuvem envolvente. Essa nuvem desfazia-se em pétalas que cobriam o chão por onde ela passava. Olhou para os outros pacientes moribundos e desconfiava se alguém também observava aquele filme. Aquela mulher era um jardim andante, com toda a beleza das flores, dos lagos e até do salgado do mar. O sorriso dela aberto sobre o seu rosto impedia-o de respirar. O perfume dela fustigava-lhe o cérebro que nem a cocaína que snifava antes de dar uma valente “remada”. Normalmente misturava cocaína com viagra e whysky. Era um cocktail fabuloso para as suas aventuras constantes. Mas que raio é que esta mulher tinha que lhe dava a mesma sensação de falta de ar que ele gastava balúrdios para sentir através de químicos? Só podia ser algum tipo de perfume que ela tinha acesso… algum perfume de cocaína que viciava os pacientes e os anestesiava só por cheirarem a nuvem aromática que a cobria. - Alerta! Alerta! Tragam o reanimador! Temos um paciente em paragem cardíaca – ouvia a médica gritar em aflição a olhar para ele. Mas de que falava ela? Ele estava bem, mais que bem! Ele estava feliz, super-feliz. Estava em paz e não queria sair daquela sensação de paz. Ela dava-lhe pancadas no peito e ele sorria. Tudo estava bem desde que ela não se afastasse. Nunca mais! Lueji Dharma

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