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sábado, 26 de janeiro de 2013

Entendendo o amor...

O luar brilhante gira em torno das árvores que cobrem este palco. O luar expande os seus raios em nós gravando no firmamento a certeza que havemos de ser um. A energia pulsa na forma enquadrada que o nosso dançar encontrou nas notas musicais destes temas que marcam Luanda. Notas musicais com a beleza de diamantes retiradas de uma ancestralidade africana. Oh mas quando percorremos os dois este palco eu vi o luar nos teus olhos. Eu vi a lua nos meus olhos reflectir no teu olhar e senti em nossos corpos o desabar das folhas destas árvores seculares. E assim refugiados num palco iluminado de atenções vimos a lua brilhar sobre a balançar dos nossos corpos. Os passos em torno da letra musical acendem velas e cobrem o chão de pétalas de rosas. As mesmas pétalas de rosas que todas as manhãs deixo cair sobre a água deste alguidar que enfeita a entrada que recusas encontrar. Mas que dimensão esta em que te oiço mas não te vejo. O teu sussurro é tão presente que o oiço. A tua alma é tão real que existe. Oh dor! Oh saudade! Neste palco nós os dois lutando para que a lua se mantenha presa ao céu. Apenas o luar te faz voltar para o longe. Apenas a noite me faz sonhar. Oh este palco iluminado de atenções. A dança mantém-se presa ao dedilhar destas cordas tocadas no rastejar das estrelas. E o tambor ecoa no compasso do bater dos nossos corações. Os teus braços e o teu abraço. Flutuo no ritmo do amor. E tu existes. Eu e tu. Os meus olhos meditam orações oferecidas a esta lua que esconde o dia ao sol. Se ao menos a noite permitisse o dia existir contigo. Oh se ao menos existisse espaço para o imaginário no acordar do dia. O teu abraço. Eu nos teus braços. Prendo os teus braços na força dos meus dedos e no arranhar das minhas unhas. Os meus olhos cerrados conseguem ver a luz do Sol. O dia a nascer… E as lágrimas caem destes olhos semicerrados que não querem acordar para ver que nunca estiveste ao meu lado. Sonho tornado pesadelo todas as manhãs. Pudera eu não lembrar este sonho por viver. Mas a música ecoa. O vestido de princesa ainda esvoaça num bailado eterno. A copa das árvores forma um buraco no centro do palco. Um vácuo onde a lua permanece presa ao céu. As estrelas que caiem são estas velas que agora marcam o percurso dos nossos passos. Faróis de um tempo por vir. Espaços de luz que iluminam o caminho do encontro. Será que mesmo assim não vemos. Será? Oh saudade esta de uma parte de mim num desconhecido. Oh chave da vida escondida em ti, um desconhecido. Deus não erra. Deus não joga aos dados. E deu-te a chave. A Chave de mim. E tu que fizeste? Que fazes? Sabes que guardas a outra parte de mim e que oiço teus passos no bater do meu coração, teu sorriso em sonhos e tua vida na alegria da tua existência. Não consegues lembrar o caminho de casa? Para que possas finalmente usar essa chave que tens presa ao coração e que te foi dada ao nascer. Quando nos veremos? Na pele gravei cupido dentro de um coração com a seta a apontar para este nome que desconheces. Esta tatuagem que carrego à vista para que reconheças a flor ornamental que prende os meus cabelos. Esta flor cujas pétalas cobrem a água deste alguidar imaculado que deseja ardentemente ver o dia em que abrirás a porta de minha casa. E finalmente percebas porque tens essa chave presa ao coração. Nesse regresso espero que perdoes as vezes que te amaldiçoei, que te quis matar nesse sonho virtual, porque estava impaciente. Não acreditei mais nesta longa espera que parece mais eterna que qualquer sentimento que possa eventualmente existir. Mas os anjos bateram asas e em concílio suplicaram que me rendesse à paciência: “Esperar humildemente na fé”. Assim me disseram. Obrigando a ressuscitar-te desse homicídio premeditado com direito a enterro velado. Resignada a que o meu poder se verga ao Universo humildemente ergo todas as manhãs ansiando pelos dias de lua cheia e as noites douradas pelas estrelas. A fé em cada quarto crescente rebate os quartos minguantes que a vida nos dá. Oh desolação o coração. Este voar num círculo que parece ser sempre redescoberto. Continuar a perseguir ilusões? Ou não serão? Se ao menos estes anjos infernais me deixassem desistir. Lueji Dharma /Entendendo o amor Imagem: Jitta Criativo

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