terça-feira, 31 de março de 2009
A fuga dos musseques
Ao olhar para a Luanda diária é possível ver o corre-corre constante na busca de uma oportunidade para ultrapassar mais um obstáculo e conseguir alguns trocos no final do dia.Conseguir algum futuro e sair dos musseques repletos de lixo e miséria, fugir ao mosquito infectado de malária ou simplesmente evitar os inúmeros perigos que espreitam. Não se garante memso depois do registo eleitoral quantos milhões habitam luanda!Serão oito ou nove milhões? Falta acrescentar a invasão de emigrantes portugueses que todos os dias chegam em busca do El-dorado.Mas concerteza é gente demais para esta cidade; os carros proliferam (especialmente os jeeps de maior envergadura) à mistura com muitos Toyotas Hiaca pintadas de azuil e branco que acabam por ser os veículos que dominam toda a Luanda. Eles entram nas zonas onde o estrangeiro não consegue sequer imaginar existir. Miséria, muita miséria, e os portadores, os envenenados por essa miséria, eles estão entre nós. Combate-se este cenário deprimente e asfixiante com muita música e boa disposição. Os sorrisos e as conversas sobre os temas das músicas abundam e afugentam os pensamentos mais sombrios da mente. Que fazer? Chorar? Nã...o angolano não chora...canta a sua tristeza...amanhã será outro dia...a fé e a confiança num futuro melhor fazem esta Luanda andar. É inimaginável esta cidade que anda com um povo deprimido. Imaginem?! Todo este cenário dantesco com o semblante dos suiços. Seria concerteza apenas um espaço em Africa, nunca um país... Portanto, a música em luanda estará “sempre a dar”...Na berma das estradas, nos prédios, nas habitações, nos carros, nos telemóveis, na igreja...é difícil encontrar algum metro quadrado onde não se oiça música (nem mesmo na intimidade da casa de banho). O ritmo da música em alto som, marca o compasso e o ritmo de cada dia kizombando e sembando sem que alguém possa por em causa a felicidade estampada no rosto daqueles que passam, das crianças que correm para a escola e para casa, dos kandongueiros imperadores da estrada, das kinglas, das zungueiras, dos mutilados e daqueles que usam um uniforme com um dístico impresso e se dizem seguranças.
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