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terça-feira, 31 de março de 2009

Kandongueiros

Kandongueiros
O calor que se faz sentir é insuportável, mesmo à noite.As temperaturas nunca descem os 30º centígrados e os níveis de humidade bastante elevados (80%) acrescentam à pele camadas finas de água. Este choque climático aumenta quando se fica retido no engarrafamento...um carro sem ar-condicionado em Luanda é um espaço de tortura. Mesmo com o trânsito literalmente parado os Kandongueiros parecem conseguir furar! As suas Toyotas Hiace pintadas de azul assemelham-se a plasticina, circulando por espaços mínimos. É quase certo que encolhem e mudam de forma para caber...mas por mais que se diga mal destes taxistas mangolês eles são elementos fundamentais na luanda sem transportes públicos. Em Luanda o povo que não tem carro ou boleia de amigos e familiares depende destes candongueiros para chegar. E com eles é sempre possível chegar até mais rápido do que com um condutor normal; o problema é caber nestas carrinhas quase sempre lotadas onde parece sempre haver espaço para mais um...alguns taxis já têm ar-condicionado mas mesmo assim viajar que nem sardinha em lata não é nada fácil. Mas a realidade é que as Toyotas Hiace estão sempre a rolar, 100 Kwanzas ou 200 Kwanzas (para as rotas masi distantes) a cabeça e “tem que emagrecer mana, emagrece pra kabere mais madiés, emagrece”, pois afinal de contas estão em causa mais de 1500 dolares semanais de lucro sem impostos. E entra mais um a juntar aos quase 20 que lotam por completo o Hiace de vidros partidos, com abraçadeiras a fixarem os tampões das rodas, completamente amolgado e a suspensão batendo e batendo. São Paulo, Maianga, Maculusso, Morro Bento etc, etc. pelos buracos, valas, crateras lunares, passeios ou em contra-mão mas sempre a facturar e acelerar. “Vamo fazere mais kumo então?”
Até há bem pouco tempo era impossível ver-se um único autocarro de transporte de passageiros nesta cidade de Luanda. Mas ultimamente, e com a vinda do Papa, vão aparecendo alguns que ainda tem os percursos vindos dos países de origem.Então é possível em plena Sagrada Família apanhar um autocarro que nos leva a Beijing ou a Santa Apolónia. Por 50 kwanzas tudo é possível, o máximo que pode acontecer é ir parar a outra província, mas “não há maka”.A pouco e pouco, e embora pareça não haver grande vontade de mudar este sistema de kandongueiros tem-se verificado uma redução do número de hiaces na cidade, em parte devido a alguns dos autocarros que já circulam, especialemente com a vinda de sua santidade o Papa.

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