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sexta-feira, 27 de março de 2009

Quixiquila - a lei da partilha


Tenta adormecer em vão. O ar-condicionado não funciona e o calor no quarto é sufocante. Pensa em ler mas a ausência de electricidade impede qualquer actividade. Aproxima-se da janela e apesar de lhe apetecer ficar sentada na varanda não consegue ignorar a nuvem de mosquitos que sente zumbir do outro lado. Deita-se na poltrona enquanto olha para o céu estrelado. Sente pena de não perceber mais sobre estrelas e constelações. Gostava de conseguir identificar os conjuntos estelares que vê. Era mais uma ciência que poderia aplicar à sua teoria das coincidências.... Olha para o relógio que marca 11h11 e sente-se cada vez mais desperta. Apetece-lhe ver gente, cansar-se um bocado e talvez no bar tomar um amarula com gelo. Quem sabe não aparece alguém interessante para conversar... começa a despir a camisola da noite para colocar um vestido preto simples por estrear.. o vestido que comprou para levar a um jantar com Leão Magno e que nunca se tornara realidade. Retira o vestido do armário e atira-o sobre a cama. Era a sua cara, mas a leve ligação ao Leão retirava parte da beleza do vestido...quando passa perto da portada que dá para a varanda repara num vulto que espreita para o seu quarto. Dá um berro, e corre para a cama enquanto se esconde por detrás do vestido...todo o seu corpo estremece. Volta a olhar para a portada de vidro...e apercebe-se que o vulto permanece colado à portada enquanto bate cuidadosamente no vidro. Parece-lhe reconhecehecer o Wayami...Respira fundo e espera que as pernas recuperem a força. Refeita do susto aproxima-se da portada com as sobrancelhas bem franzidas.

-Quem é? – grita com uma voz forte e agressiva....

-É o Wayami...por favor abre!

-Wayami? Mas que queres tu? Só porque me deste boleia não tens o direito de me vir incomodar...-Que se passa? Porque estás despido?

-Uma longa história...mas por favor ajuda-me. Deixa-me entrar...

-Entra...tenho ali uma t-shirt que é capaz de te servir...

-Deixa estar...prefiro antes o pano que tinhas hoje.

-Boa ideia...toma...tapa-te lá e explica-me o que se passa?

-O que se passa? Eu estava simplesmente no quarto com uma amiga e a parva da minha noiva decidiu aparecer...e eu para evitar um escândalo saltei para esta varanda...

-Ah...foi isso...por uns instantes pensei que fosse algo grave. Se eu soubesse que era isso tinha-te deixado na rua.

-Não tinhas não...

-Oh querido baluba...terias ficado sim. Mas já estas ca dentro...e eu estava de saída...vou tentar encontrar alguém interessante lá em baixo. Parece que o gerador ao menos funciona para as áreas comuns do hotel.

-Ok amiga. Obrigado pela compreensão...Compreensão pensava Lueji? Ela não nutria qualquer simpatia pela sua causa. Apenas teve o azar de abrir a porta. Alguma vez iria ter compreensão para com um machista...poligamia...já lhe chegava ter sofrido por um palerma desses...

- Desceu as escadas até ao hall de entrada e sentou-se no bar...pediu uma amarula e colocou o livro sobre a mesa. O título do livro ajudava a dissuadir os predadores da noite... “Homem trás azar se fosse nós”.

No balcão uma rapariga bebia whysky cola enquanto a sua sandália saltava nervosamente no pedestal do banco. Onde é que ele anda? Pergunta ao barman que olha atónito para todos os cantos e suspira. Já fui ao quarto dele e do pai dele e nada. Onde anda ele?

-Não sei menina.

-Ele disse que estava à sua espera e que não demorava muito.

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