An individual has not started living until he can rise above the narrow confines of his individualistic concerns to the broader concerns of all humanity. ..................................... Martin Luther King, Jr.
No outro dia estive no Largo Primeiro de Maio. Ao meu lado esquerdo Maria Eugénia Neto. Do meu lado direito Agostinho Neto! À minha frente imensos jornalistas...aos meus lados imensa gente. Detive o meu olhar no poema: Havemos de Voltar. Li e reli. Havemos de Voltar. E enquanto a música tocava, sob os pés de Agostinho Neto as flores tombavam! Fixei os meus olhos na criançada esfarrapada, pobre e mal-amparada que por lá andava. Estavam felizes por ver tamanha agitação e até televisão!
Enquanto as figuras públicas eram entrevistadas, eles permaneciam imóveis tentando apanhar os diálogos enviados para os microfones. Percebi que se viam gregos por entender, porque naquele dia tinham-lhes perturbado o descanso de viver na rua.
De olhos esbugalhados, de quem revê uma mãe olhavam admirados para Maria Eugénia Neto.
-Sabes quem é aquela senhora?
-Não!
-Foi a esposa daquele senhor da estátua...
-O Agostinha Neto?
-Sim!
e aos saltos, em jeito de jornaleiro correu a contar aos outros que aquela senhora -"é a mulher do Agostinho Neto".
-Xé, não diz isso!
-Madrinha, não é? não é verdade?
-É verdade!
Esta ínfima informação, em jeito de quem conta um segredo, tinha feito o rapaz dono de uma informação especial. Naquele dia ele conhecera a esposa do homem da estátua que lhe norteia as noites dormidas ao relento. Ao menos quando dormir, naqueles bancos do Largo Primeiro de Maio saberá que o homem estátua, já foi humano. Talvez esta humanização da estátua lhe dê algum alento numa rua desprovida de sentimento. Numa rua onde os meninos ainda vivem perdidos à espera de um abrigo.
Pesadamente sentei-me à beira do lago; e li e reli:
Havemos de Voltar
Às casas, às nossas lavras
às praias, aos nossos campos
havemos de voltar.
Às nossas terras
vermelhas do café
brancas de algodão
verdes dos milharais
havemos de voltar.
Às nossas minas de diamantes
ouro, cobre, de petróleo
havemos de voltar.
Aos nossos rios, nossos lagos
às montanhas, às florestas
havemos de voltar.
À frescura da mulemba
às nossas tradições
aos ritmos e às fogueiras
havemos de voltar.
À marimba e ao quissange
ao nosso carnaval
havemos de voltar.
À bela pátria angolana
nossa terra, nossa mãe
havemos de voltar.
Havemos de voltar
À Angola libertada
Angola independente.
Não sei se já voltamos? Se voltaremos? Se há volta a dar? O que eu sei é que há muito a fazer:
Havemos de Fazer!
Havemos de fazer
na " bela pátria angolana"
Lares e Hospitais
aeroportos e terminais
Havemos de fazer
escolas e universidades
cursos a mais
Havemos de fazer
na "nossa terra, nossa mãe"
passeios pedonais
jardins informais.
Havemos de fazer
centros culturais
e pessoas intelectuais
Havemos de fazer
dos "verdes dos milharais"
pinturas e poemas tais
Havemos de fazer
"Às nossas terras
vermelhas do café"
um apelo à fé
Havemos de fazer
Mais e mais
An individual has not started living until he can rise above the narrow confines of his individualistic concerns to the broader concerns of all humanity. ..................................... Martin Luther King, Jr.
sábado, 14 de novembro de 2009
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