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domingo, 8 de novembro de 2009

A importância dos escritores na Independência de Angola


A convite do escritor e poeta Jonh Bella participei como moderadora na palestra sob o tema: "A Importâncias dos Escritores na Independência de Angola, realizado dia 7 de Novembro no Bairro Popular no Colégio.

Os escritores de alguma forma são os declamadores da alma, dos sentimentos da Nação: sejam eles esperança. tristeza, alegria, sofrimento...e desde que a censura não exista o escritor não camuflará o que a sua gente sente! Pois como dizia Ruy de Carvalho: "Estamos juntos no país que temos!"
Com as convulsões sociais vigentes em Portugal com o objectivo de implementar a Democracia, Angola e os Angolanos, aperceberam-se na revolução de outros a necessidade da sua revolução!

Todo este processo de mudança de mentalidade e sistema político teve início na intelectualidade que compunha textos, poemas que muitas vezes musicados se transformavam em hinos da revolução que o povo entoava entredentes. Nessa abordagem Angola bebeu muito dessa aura nas pessoas de Agostinho Neto, Viriato Cruz, Manuel Rui, António Jacinto, Mário Pinto de Andrade, Mendes de Carvalho...entre outros.

Nos poemas de Viriato Cruz é notória a identificação com o povo situado na última camada social:
"ai, benjamin, sujo, esfarrapado e descalço, levei-o ao baile do sr. Januário" e em Makezu revela, numa escrita que denuncia a dificuldade do povo em falar o português correctamente, a necessidade de proteger a identidade nacional: "É pruquê nossas raíz tem força do Makezú!..."

Já António Jacinto em Monagamba, poema musicado, descreve a vida dos contratados (escravos) que sacrificam o corpo e alma nas roças de café:
"Negro da cor do contratado faz o branco prosperar..." ...subentenda-se que o "branco" refere-se ao colono que escraviza e não aos brancos em geral, ou mesmo a todos os portugueses (muitos deles também forçados pelo regime fascista). Há que perceber que não é a cor da pessoa que escraviza mas a sua mente;

Manuel Rui Monteiro sente necessidade de reforçar a força primordial dos poemas nas decisões significativas de Angola: "Entre a guerra e a paz retorno fisicamente ao poema, constante meditação primeira"; António Jacinto é da mesma opinião como é patente na carta que escreve a Mário Pinto de Andrade em 1952:
"Eu creio firmemente que é pela poesia que tudo vai começar"

Assim as formas literárias, e em especial a poesia, são criadoras de sonhos e utopias que o homem persegue para fazer acontecer o sonho; pois como dizia Jonh Bella na palestra todos estes escritores já viam uma independência numa altura em que tal hipótese era inconcebível:

"Amanhã
Entoaremos hinos à liberdade
quando comemorarmos
a data da abolição desta escravatura
Nós vamos em busca de luz
Os teus filhos mãe
Vão em busca de vida"
Agostinho Neto

E assim, com o amanhã transformado em presente a 11 de Novembro de 1975 o poeta Agostinho Neto escreve na história de Angola o maior poema de todos:

"Em nome do Povo Angolano, proclamo solenemente perante África e o mundo a independência de Angola...e que vivam para sempre os seus heróis"
Discurso de Agostinho Neto a 11 de Novembro de 1975

E agora? Angola? Passaram-se 34 anos desde a Declaração de Independência; E nos jornais deste mês de Novembro dizem que os Angolanos desconhecem a sua história e a importância do 11 de Novembro! Realmente como diz Mendes de Carvalho: "Oh passado, como te posso invocar e viver-te no vivo?!"

A liberdade futura é inegável,
perante uma democracia prematura
A Vitória será certa quando os mais velhos
Apaziguarem e preencherem a mente dos mais novos
E assim contrapor os fazedores de opinião com
A verdade da história,
sem, no entanto, comprometer a unidade da nação.

Procura-se, sim, a identidade iluminada e esclarecida
perfurando a barreira do radicalismo, desinformação e manipulação;
Só uma nação culta e literada poderá Vencer!
Se escrever é um acto patriótico, Ler dá-nos o passaporte mundial.


POESIA É REVOLUÇÂO! E eu como António Jacinto "creio firmemente que é pela poesia que tudo vai começar" e continuar... por isso parabéns aos espaços onde a Poesia é Rainha...
Espaço Baía
Chá de caxinde
União dos Escritores Angolanos
LevArte


Força Angola! A Vitória é Certa!
11 de Novembro Sempre

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