Numa altura onde os países mais desenvolvidos se viram para a ecologia como visão futura, gostava de poder incluir Angola nesse patamar. Dentro desta temática há o caso surpreendente, da Coreia do Sul onde se defende que Seul se deve virar para a ecologia de forma a fazer face à actual crise. Realmente, no caso de Seul, podemos objectivamente falar em desenvolvimento e não em crescimento, urbanização ou construção. Por muitas vezes encontro a palavra desenvolvimento como sinónimo de construção. Não é uma antítese, mas concerteza, não é igual. O desenvolvimento é por definição "um processo dinâmico de melhoria, que implica uma mudança, uma evolução, crescimento e avanço" solidificado numa base económica, social, ecológica e cultural.
Mas Seul quando enfrenta a crise com a ecologia, entra num paradoxo até agora considerado insolúvel: economia versus ecologia; ambiente versus rendimento; desta forma, Seul, apresenta-se como uma cidade no patamar da criatividade, inovação e da responsabilidade socio-ecológica. Um modelo económico de desenvolvimento ecológico sustentável pioneiro.
Ainda não há muito tempo, quase todos os economistas e decisores políticos da praça mundial rejeitavam os modelos de desenvolvimento que contemplavam aspectos ambientais com o simples argumento do aumento dos custos. Desta forma, o mundo encheu-se de urbanizações que pretendem ser cidades, de cidades que querem ser paisagens e paisagens que não se quer em postais. O mundo encheu-se de ghettos e de não-cidades que agora se tenta com custos bem mais elevados refazer.
Angola, ainda vai a tempo de não cair no mesmo erro e de se aproximar de modelos de desenvolvimento sustentáveis, ganhando no futuro um país, que pelas paisagens e riqueza ecológica que tem poderá figurar nos melhores roteiros turísticos mundiais. A aposta será especialmente num turismo cultural e de investigação, em detrimento de um turismo de massa.
Olho para o modelo de Seul, e como Arquitecta Paisagista que sou, confesso que Angola parte em vantagem. Pois, na maior parte dos casos não será necessário recriar o verde, apenas será necessário medidas de protecção e de utilização. Permitir a utilização do património ecológico e paisagístico, sem colocar em causa a sua integridade.
O caso da cidade de Luanda já se torna, num caso especial, visto que implicará recuperar o que já se perdeu:
-Uma cintura verde que reduzirá drasticamente a poluição do ar que hoje vivemos e sofremos em Luanda.
-Um plano verde que garanta a introdução de espaços verdes e um continnum verde em toda a cidade. Teríamos desta forma um aumento do conforto bioclimático da cidade uma vez que a vegetação tem um efeito termoregulador.
-Retirar espaços verdes dos separadores de vias rápidas...acto que considero ser criminoso pelo perigo que acarreta os atravessamentos destas vias e a utilização destes espaços.
-Introdução de espécies típicas da flora angolana, com todos os benefícios ecológicos que dai advém.
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