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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Obrigado Angola - Miguel Esteves Cardoso

"Obrigado, Angola


Ainda ontem

"Já não posso ouvir o José Eduardo Agualusa e todos os outros portugueses e angolanos cá em Portugal que não se cansam de denunciar os desmandos e a corrupção do Governo angolano." Eu reforço, já não posso ouvir as pessoas falarem apenas nos aspectos negativos de Angola. Angola é um país maravilhoso, com gente fantástica, empreendedora, batalhadora e sofredoramente feliz! Há uma grande classe pensante e intelectual que muito têm desenvolvido a cultura com parcos recursos. (imaginem com muitos recursos...)


"Serviço de despertar: Angola é um país soberano; mais independente do que nós." Talvez seja esse o problema...interessa deitar abaixo as entidades angolanas para que outros possam apoderar-se do poder.Interessa fazer de todos os angolanos um povo inculto, sem história, sem mais valias, que não a força bruta, que mesmo assim não pode ser bem usada se não se utilizar de técnicas de intimidação. Mas a verdade crua e nua é outra!


"Tudo o que fizemos em Angola foi para o bem de Portugal, por muito mal (ou bem) que fizesse aos angolanos." Mas há formas de conciliar o bem de Portugal com o de Angola. E os Angolanos têm dado provas de fraternidade e amizade para com Portugal. Agora compete a Portugal dar provas da sua real boa vontade.


"Mesmo assim, o Governo de Angola – e os angolanos em geral – perdoaram-nos, em pouco tempo, a nossa condescendência e a nossa exploração colonial. Os portugueses e angolanos sempre se deram bem, independentemente de quem manda em quem. Gostamos uns dos outros e aprendemos uns com os outros. Somos muito parecidos." Discordo que sejamos muito parecidos...nem temos que ser parecidos. Há simplesmente que aceitar a diferença e não a julgar sob a luz de ideias pré-concebidas do tempo da carochinha.


"Os regimes políticos dos países mais nossos amigos são como os casamentos dos nossos maiores amigos: não se deve falar deles. Entre marido e mulher, não metas a colher. De resto, não temos voto na matéria." Falar, e pior falar mal, só cria fossos profundos e distâncias. Interessa sim não patrocinar e nem apoiar esses tais problemas que tanto se refere existir em Angola como no resto do mundo. E do qual Portugal, infelizmente, também não é isento.



"Fomos lá imperadores e perdemos." Angola sempre teve os seus imperadores(Rei Ngola Kiluanje, Rainha Njinga, Rainha Lueji...) para não falar nos heróis e heroínas que lutaram pela Independência (Agostinho Neto, Viriato Cruz, António jacinto, A. Boavida, Deolinda Rodrigues, Lucrécia Paim, Irene Cohen, Teresa Afonso...Eram angolanos com grande valor humanitário, intelectual e político).

"Portugal também não era uma democracia quando andou por Angola a tratá-la e explorá-la como uma província de Portugal, fazendo tudo para matar quem fosse contra essa exploração." Pois não! Portugal e Angola estavam sujeitos a um regime fascista. Um regime que esteve na base de grandes atrocidades; e que enviava para um país distante e tropical jovens saídos das aldeias e os entregava à sua sorte. Muitos viram-se numa guerra sem razão e cometeram crimes que até hoje são a razão de distúrbios da psique. E actualmente nem são reconhecidos pela árdua tarefa de manter o tal Império em terras Africanas ( o tal Império que uns ainda defendem mantendo atitudes provincianas de colono...pois para esses...não se esqueçam que a guerra tem custos...e muitos de nós ainda estamos a pagar).

"Angola está a investir em Portugal. É uma chapada de luva branca, misturada com perdão." O perdão é libertador! Tanto para quem dá como para quem pede...será que tanta maledicência é sentimento de culpa?

"Por muito que se critique, Angola está a pacificar-se e a democratizar-se muito mais depressa do que Portugal de 1926 a 1976. Não trata Portugal como província ultramarina. Não interfere na nossa política. Imitemo-la nisso, por favor."
Acho que Angola deveria interferir mais na política externa; neste momento faz-se muito pouco pelos angolanos na Europa. Há muito angolano a ser discriminado, ostracizado com base em critérios raciais e de nacionalidade;
Penso que Portugal nisso tem muito a ensinar às entidades angolanas. Portugal sempre teve uma política de defesa do seu cidadão, sempre conseguiu fugir ao capitalismo feroz dos Estados Unidos e mais ou menos disponibilizar recursos a toda a sua população. Pode ser um país pobre mas com muita solidariedade!


"Não são só nossos amigos: são superiores a nós!" Neste ponto discordo. Ninguém é superior a ninguém...mas acima de tudo há que reconhecer, bem ou mal, somos todos iguais. E só temos todos a ganhar uns com os outros, desde que se perceba, que a Igualdade é a base para qualquer diálogo construtivo.


Posto isto, mais não digo! Realmente Angola e os Angolanos estão todos os dias a dar provas do empenho na reconstrução de um país do pós-guerra. E felizmente, há muitos portugueses que vivem Angola com amor, respeito e dedicação para com esta terra que lhes permitiu repensarem um futuro risonho...

Obrigado Angola!

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